Os tripulantes de cabine da TAP foram chamados a comparecer, esta segunda-feira, numa assembleia-geral de emergência para votar uma proposta apresentada pela companhia aérea, noticiou o jornal “Público”.
A convocatória foi feita pelo Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), a três dias do início de uma greve destes trabalhadores. A paralisação arranca na quinta-feira, 25 de janeiro, e prolongar-se-á até à terça-feira da semana seguinte, dia 31 de janeiro.
Na assembleia-geral será votada uma nova proposta da administração da empresa em resposta a um conjunto de 14 reivindicações do sindicato.
O novo documento foi apresentado numa ronda negocial entre o sindicato e a TAP realizada na passada sexta-feira, um dia depois de a companhia de aviação ter visto a sua proposta anterior ser rejeitada pelos trabalhadores: 857 votaram contra, 29 a favor e nove abstiveram-se.
Das reivindicações dos tripulantes de cabine da empresa, 12 parecem estar asseguradas, mas os tripulantes querem que as suas exigências sejam cumpridas na totalidade.
SNPVAC acusa TAP de fazer “despedimentos ilícitos”
Em declarações recentes à Lusa, citadas pelo Diário de Notícias, o presidente do SNPVAC, Ricardo Penarróias, explicou que as duas propostas a que a TAP não acedeu têm que ver com o regresso do chefe de cabine nos voos de longo curso dos aviões A330 e “uma particularidade” no que diz respeito ao descanso adicional em determinados voos.
Ricardo Penarróias acusou a companhia aérea de ter abusado do poder durante a pandemia de covid-19, com a celebração de acordos de emergência com os sindicatos que permitiram a aplicação de um plano de reestruturação com cortes salariais, “galgando” por cima dos direitos, regalias e salários “de uma forma anárquica, e fazendo despedimentos ilícitos”.
“O sentimento de revolta vem muito do que se passou também naquele período em que a empresa, sem dó nem piedade, nos fez passar por números, nos fez passar por meros algoritmos e, neste momento, a companhia semeou aquilo que agora está a acontecer no grupo TAP e, em particular, com os tripulantes de cabine”, afirmou o dirigente.
Mais de 1.300 voos em risco, diz TAP
Com a apresentação de uma nova proposta ao sindicato e trabalhadores, a TAP pretende travar a greve marcada para esta semana e que se fará sentir durante sete dias. De acordo com a companhia, podem estar em risco 1.316 voos, sendo afetados até 156 mil passageiros, referiu num comunicado divulgado a 19 deste mês.
As contas feitas internamente apontam para “um custo total direto estimado de 48 milhões de euros (29,3 milhões em receitas perdidas e 18,7 milhões em indemnizações aos passageiros)”. A empresa fala ainda de “perdas de 20 milhões adicionais devido ao impacto potencial nas vendas para outros dias e à sub-optimização de outros voos, com passageiros reacomodados”.
A assembleia-geral dos tripulantes de cabine está marcada para as 11h30 desta segunda-feira, na Ordem dos Contabilistas Certificados, em Lisboa. A ordem de trabalhos tem apenas um ponto: a “apresentação, discussão e votação da proposta apresentada pela TAP”, refere a convocatória do sindicato a que o Público teve acesso.
De acordo com o texto, os tripulantes podem fazer-se representar através de uma procuração. Como a assembleia foi marcada com poucos dias de antecedência, as procurações não poderão ser admitidas por e-mail, tendo de ser entregues “no próprio dia em papel, a partir da 9h30 e até ao início da assembleia”.
Fonte: Jornal Expresso / Jornal Público – Portugal
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