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Lisboa e Vale do Tejo vai ter plano específico para os cuidados primários

Os números são claros: 1,2 milhões de utentes do Serviço Nacional de Saúde (SNS) não têm médico de família. Destes, mais de 800 mil, cerca de 80%, reside na região de Lisboa e Vale do Tejo e é por aqui que a equipa do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, vai começar as mudanças nos cuidados primários.

Num encontro com jornalistas durante esta manhã, um pouco para assinalar os quatro meses de mandato, o ministro anunciou que irá ser apresentado um plano específico para a região com vista melhorar o acesso dos utentes aos cuidados, tendo em vista colocar também um fim nas situações, que considera totalmente “inadequadas”, em que “o utente ainda tem de ir de madrugada para o centro de saúde para a arranjar uma senha para consulta”.

Conforme referiu aos jornalistas, há medidas que estão a ser estudadas, mas já há alternativas a serem usadas que “gostaria de ver replicadas noutros centros de saúde”.

Questionado sobre que outras medidas poderão ser tomadas, Manuel Pizarro não quis adiantar nada mais, sublinhando que “o plano vai ser anunciado nas próximas semanas e não estou em condições de detalhar cada uma das medidas, per si, que estão a ser estudadas do ponto de vista técnico”.

Este plano tem como objetivo “melhorar o acesso aos cuidados de saúde familiar”, aumentando o número de utentes com equipa de saúde familiar e, ao mesmo tempo, “criando mecanismos de acesso para os utentes que ainda não têm médico e que necessitam de cuidados”.

Dois objetivos que, segundo justificou, visam ultrapassar os constrangimentos que se têm vivido nos últimos meses quer nos centros de saúde, com utentes a terem de ir de madrugada para a porta do centro de saúde para arranjar senha e ter uma consulta, que constrangimentos nos serviços de urgência hospitalares.

“O nosso objetivo é criar unidades de saúde familiar públicas para todos os portugueses na região de Lisboa e Vale do Tejo e enquanto este objetivo não é possível temos de ter modelos alternativos que permitam às pessoas ter cuidados, não só porque necessitam deles mas também por elas próprias e pela promoção da sua saúde. Isto permitirá um outro aspeto, muito relevante, que é aliviar os serviços de urgência dos hospitais. E para que isto aconteça, as pessoas têm de ter alternativas”, sublinhou Manuel Pizarro, rematando: “Acho que somos capazes de fazer melhor”.

O ministro assumiu que as Unidades de Saúde Familiar Modelo C podem vir a ser uma das soluções alternativas, podendo estas ser criadas por cooperativas de médicos ou por unidades do setores social e privado, mas que estas ainda estão a ser estudadas do ponto de vista técnico, sendo necessário também perceber qual a abertura de adesão por parte do mercado a esta medida.

“Precisamos de saber é exequível, porque é seguramente inútil criar medidas que depois não contribuam de facto para um melhor acesso aos cuidados”.

Manuel Pizarro destacou ainda algumas medidas que já estão a funcionar nalguns centros de saúde e que gostaria de ver “replicáveis noutros centros de saúde, como a Via Verde do Seixal, na margem sul, e o projeto da Bata Branca, nalguns concelhos da Margem Sul e em Cascais”, reforçando: “Temos de generalizar esses modelos alternativos para que as pessoas não estejam sujeitas a situações indignas”.

Apesar de já ter sido anunciado, o ministro lembrou que a transição de 28 Unidades de Saúde Familiar Modelo A para Modelo B já permitiu atribuir médico de família a 30 mil utentes e que até ao final do ano haverá um número mais elevado de USF a funcionar em modelo B, sendo que este é o modelo que melhor paga e que mais tem agradado aos profissionais.

Mas, até ao final do ano, o ministro também diz que irá avançar com um processo de revisão do modelo de pagamento pelo desempenho em vigor nestas unidades, visando “ajustar o modelo à melhoria contínua da prestação de cuidados aos utentes”.

Os números disponibilizados aos jornalistas revelam que das 604 USF do SNS, 290 funcionam como modelo A e de 314 como modelo B, o que representa já uma cobertura de cuidados com este tipo de modelo a 65% da população e o objetivo até final da legislatura é que atinja os 80%. Por fim, o ministro destacou a abertura do concurso agora lançado para 254 médicos especialistas que integra 196 vagas a área de Medicina Geral e Familiar.

Entre outras questões, o ministro da Saúde anunciou ainda que o concurso agora lançado para especialistas foi o último a nível nacional, já que a contratação de médicos vai voltar a ser através de concursos institucionais. Ou seja, os hospitais terão autonomia para contratarem os médicos de que necessitam. Um modelo que o ministro considerou que durante décadas serviu e sustentou o SNS, permitindo a fixação dos profissionais.

Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal