A Benfica SAD, assim como Rui Costa, Domingos Soares Oliveira, Luís Filipe Vieira, José Eduardo Moniz e Nuno Gaioso Ribeiro, todos eles administradores, ou ex-administradores, da sociedade benfiquista, foram esta semana constituídos arguidos, apurou o DN. Mas desconhecem do que se trata exatamente este processo, que ao que tudo indica será uma formalidade relacionada com prazos de prescrição, até porque ninguém foi sujeito a qualquer interrogatório.
Em causa, supostamente, estará um processo em que se investigam os crimes emergentes dos emails pirateados ao Benfica e onde foram juntos outros processos, como o dos Vouchers e o Mala Ciao. O objetivo parece ser concretamente evitar possíveis prescrições, pois muitas destas investigações decorrem há vários anos, algumas iniciadas em 2012.
Ao que o DN soube, alguns dos administradores deslocaram-se esta semana à PJ, em Lisboa, mas não foram sujeitos a interrogatório nem informados de factos concretos. A SAD foi constituída arguida, mas os dirigentes visados foram apenas confrontados com informações genéricas, no que aparenta ser uma medida essencialmente formal, para cumprir calendário, ou seja, uma decorrência da constituição da SAD como arguida com o objetivo de os prazos do processo em causa não serem prescritos.
O DN sabe que a Benfica SAD e os seus representantes desconhecem do que trata exatamente este processo, já que todos os pedidos de esclarecimento que fizeram foram negados pelo Ministério Público, alegando segredo de justiça. Este é um processo que estava a ser investigado em Lisboa e que, por ordem superior, passou para o Porto. Algo de que as águias só recentemente tomaram conhecimento.
Os advogados da SAD do Benfica, Rui Patrício, João Medeiros e Paulo Saragoça da Matta, foram notificados deste processo perto do Natal, mas dada a época das festividades, as diligências foram adiadas por uns dias, daí que só esta semana alguns dos administradores se tenham deslocado à PJ. Contactados pelo DN, os representantes do clube da Luz não quiseram fazer comentários sobre este processo.
Processos em fase decisiva
Esta decisão, da constituição da SAD benfiquista arguida, coincide com o regresso da I Liga, depois de uma longa paragem devido à realização do Mundial do Qatar, e numa altura em que o Benfica é líder do campeonato. E também com a etapa final do julgamento do caso dos emails – o MP acusou o diretor de comunicação portista Francisco J. Marques, o diretor do Porto Canal Júlio Magalhães, e Diogo Faria, comentador, de violação de correspondência e de acesso indevido, por divulgarem conteúdos de emails do Benfica.
Está igualmente para breve a leitura da sentença do processo E-toupeira, no qual a Benfica SAD, em despacho judicial foi ilibada de qualquer responsabilidade, e que envolveu o ex-assessor jurídico Paulo Gonçalves e dois funcionários judiciais, que alegadamente forneceriam informações sobre inquéritos a troco de bilhetes, convites e merchandising do clube.
Também durante este mês de janeiro decorrem as alegações finais do processo Football Leaks, que envolve Rui Pinto – na quarta-feira, o Ministério Público (MP) pediu a condenação do hacker a uma pena de prisão, por 89 dos 90 crimes de que está acusado no processo, desde acesso indevido a violação de correspondência, passando por acesso ilegítimo e sabotagem informática. As alegações finais, entretanto, foram ontem suspensas devido a um requerimento do advogado de Aníbal Pinto.
Igualmente para breve está a decisão da fase de inquérito do caso Saco Azul, que começou em 2017 e tem vindo sucessivamente a ser adiada pelo Ministério Público (MP). O último prazo do MP aponta para uma decisão ainda durante este mês de janeiro, num caso onde os advogados da Benfica SAD já pediram o arquivamento do processo que tem como arguidos Domingos Soares Oliveira e Luís Filipe Vieira, na qualidade de legais representantes da SAD.
No caso do Saco Azul, que alegadamente serviria para pagar favores a terceiros, nomeadamente árbitros de futebol, tal como o DN noticiou em setembro do ano passado, os advogados da Benfica SAD defendem que o relatório da PJ dá “boa conta” de que “apesar da aturada, exaustiva e longa investigação dos factos, nada mais se apurou e nada mais se imputa senão uma (alegada) fraude fiscal”.
Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal