“Sou Pelé, sou Pelé; mil gols, mil gols”. Foi com esse grito que a multidão acolheu o cortejo em homenagem ao Rei do Futebol, pelas ruas de Santos nesta terça-feira (3). O carro do Corpo de Bombeiros saiu da Vila Belmiro por volta das 10h30, percorreu o canal 2 e orla até o canal 6. Por onde passou, na via pública ou nas sacadas e janelas dos prédios e hotéis, milhares de pessoas davam o último aceno a Edson Arantes do Nascimento.
Quem chegou cedo para reverenciar o Atleta do Século foi o maratonista Vagner Paulo Gomes, 69 anos. Ele encostou sua bicicleta no meio-fio, no Gonzaga, por volta das 8h30. Torcedor do Peixe, ele se recorda de ter visto o Rei do Futebol em campo, no começo da década de 70. Na segunda-feira (2), ele não se importou em esperar na fila por mais de duas horas para ficar a poucos metros do caixão do ídolo. Sobre a recente polêmica em torno da camisa 10 do Santos Futebol Clube, Vagner é enfático: “Tem que manter para sempre; ter o Pelé como referência”.
Para o torcedor do Corinthians, vindo de São Paulo, Erbert Henrique Lima Bessa, Pelé representa “tudo, não só para o futebol, mas como pessoa também”, disse ele, que vestia uma camisa em homenagem ao Rei.
Ivo David de Moraes levou uma bandeira do Peixe para a Praça das Bandeiras. Ele se recorda do polêmico jogo entre o Santos e Portuguesa, no qual o árbitro se perdeu na contagem final dos pênaltis – e um erro de matemática do árbitro acabou por dividir o título do Paulista entre as duas equipes. “O Pelé foi a melhor representação do nosso País”. Quanto à camisa 10, ele também defende que este número tem de ser mantido pelo Peixe. “Ser o 10 é ser o que há de melhor, seja em qualquer área”.
Emocionada, a moradora do Gonzaga Régia Cristina Rodrigues Ramos José contou que viu a despedida de Pelé na Vila Belmiro. “Lembro dele ajoelhado no gramado. Hoje também é um dia que levarei de recordação para o resto da minha vida”.
Do canal 6, onde passou em frente à casa onde mora a mãe de Pelé, Celeste Arantes do Nascimento, e retornou pela orla rumo à Memorial Necrópole Ecumênica para o enterro.
Da varanda de casa, a irmã de Pelé, Maria Lúcia, se despede de Edson, cujo corpo passa no cortejo