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‘Mijinhas’ e alegria não faltam ao Natal do Corvo e Rabo de Peixe

O Natal na ilha do Corvo e em Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, será celebrado este ano com a colaboração de dois dos mais novos sacerdotes ordenados na diocese: os padres Nuno Pacheco de Sousa e Aurélio Sousa.

O programa de rádio Igreja Açores foi até à mais pequena ouvidoria e à maior paróquia dos Açores conhecer as tradições do Natal e falou com os dois párocos.

Os padres Nuno Pacheco de Sousa e Aurélio Sousa foram colegas de curso e ambos ordenados a 6 de setembro de 2020. Celebram este ano em duas paróquias pela primeira vez, já na sua segunda colocação.

Com 31 e 29 anos, une-os para além de um passado comum no seminário duas novas aventuras: Nuno Sousa encontra-se na maior paróquia dos Açores, Rabo de Peixe, na ilha de São Miguel, e Aurélio Sousa está na mais pequena ouvidoria dos Açores, a ilha do Corvo.

“Aqui há muitas tradições que importa respeitar”, refere o sacerdote chegado há uma semana à ilha.

“Ainda ontem estive à janela a ver se o barco chegava e isto é muito importante porque o barco ou o avião ditam o ritmo dos dias, e trazem aquilo que as pessoas precisam para sobreviver, e, nas outras ilhas, isto não é valorizado, mas aqui, no inverno, é especialmente tido em conta”, explicou o sacerdote ao Igreja Açores.

A missa do Galo em Vila Nova do Corvo, na Igreja Matriz de Nossa Senhora dos Milagres, será à meia noite e prolongará, de certa forma, as Novenas do Menino Jesus que terminam justamente na noite de Natal. Segue-se a visita para o tradicional ‘Menino Mija’, com as famílias e os amigos a visitarem-se nesta noite.

A tradição do «Menino Mija» remonta ao início do povoamento do arquipélago. Surgiu da necessidade de as pessoas, na altura muito dispersas, se encontrarem.

Na noite da consoada, visitavam familiares e vizinhos. Normalmente não saíam da freguesia. Iam a pé e descalços, ao cair da noite, acompanhados por instrumentos de cordas, para dar o tom às cantigas, e por lanternas, acesas com óleo de peixe-gato ou de baleia.

Se o dono da casa demorava a oferecer um cálice de aniz ou um licor de amora, as visitas perguntavam: então o menino mija ou não mija?. Significa: vamos molhar a palavra da conversa à volta do presépio.

Por isso, a missa do Natal do Senhor, só será celebrada às 15h00 do dia 25, “para que as pessoas possam repousar das visitas”. Nas eucaristias destes dois dias, tal como na Missa dos Reis, haverá um presépio vivo envolvendo as crianças da catequese.

“Vai ser um Natal diferente mas acolhedor”, conclui.

Já em Rabo de Peixe as missas da noite e do dia serão às 23h00 e 11h00, respetivamente, de forma a que mais gente possa participar. “Espero que seja um momento de grande alegria e, sobretudo de esperança – que é aquilo que o Menino Jesus nos traz e aquilo que nós efetivamente precisamos neste tempo tão conturbado”, diz o padre Nuno Pacheco de Sousa.

“Tivemos aqui concertos das filarmónicas durante o Advento, e ainda este fim de semana as crianças da catequese preparam juntamente com a Escola de Música de Rabo de Peixe e o Conservatório de Ponta Delgada um recital de Natal”, revela o sacerdote. Mas, as atenções já estão centradas no dia 1 de janeiro, dia em que a freguesia piscatória da ouvidoria da Ribeira Grande, na costa Norte de São Miguel, celebra o seu padroeiro, o Bom Jesus.

“Diria que, neste tempo, vivemos entre a manjedoura e a cruz de Jesus, com muita alegria, e por isso teremos duas missas de ação de graças com Te Deum, a 31 pelo ano findo e a 1 de janeiro, Dia Mundial da Paz, que será “um dia marcadamente eucarístico”, refere ainda o sacerdote.

Fonte: Jornal Açoriano Oriental e Barlavento / Portugal

Crédito da imagem: JFRP / Jornal Açoriano Oriental