Rui Moreira e Eduardo Vítor Rodrigues já manifestaram interesse em que seja a IP (Infraestruturas de Portugal) a construir e a pagar a travessia que inicialmente idealizaram para unir Oliveira do Douro a Campanhã, mas que poderá também ser utilizada pelo TGV (Train à Grande Vitesse, ou Comboio de Grande Velocidade).
Os presidente dos municípios do Porto e Gaia vão decidir na próxima semana se a nova ponte sobre o rio Douro terá um ou dois tabuleiros. Os autarcas querem fechar a questão antes do final do ano com vista a negociar com o Governo a melhor forma de financiamento, passando a Infraestruturas de Portugal (IP) a pagar a nova travessia.
“É neste momento bem claro que, do ponto de vista financeiro e do ponto de vista da razoabilidade da decisão política, o que faz sentido é uma ponte única com dois tabuleiros”, afirmou Eduardo Vítor Rodrigues aos jornalistas na manhã da última sexta-feira, à margem da reunião do Conselho Metropolitano do Porto, entidade a que o autarca de Gaia também preside.
“Quando lançámos a necessidade de se construir uma ponte com um único tabuleiro à cota inferior não foi para ficarmos como os donos ou como autores da ideia”, acrescentou o responsável, que ainda recentemente anunciou que “a IP concordará com a solução que os autarcas definirem e se a ponte tiver dois tabuleiros assume o valor”.
Recorde-se que a ideia de se construir esta nova ponte, intitulada D. António Francisco dos Santos, em homenagem ao antigo bispo do Porto, nome que mesmo que haja alterações será mantido, foi apresentada pelos dois autarcas em abril de 2018. Custaria 36,9 milhões de euros, incluindo acessos, e ficaria pronta em 2025.
O tabuleiro, orçado em 30 milhões, seria pago a meias pelas autarquias, cabendo a cada uma somar o valor dos acessos no seu território. Com a dupla utilização os custos serão aumentados.
De referir que foi o autarca portuense, Rui Moreira, dias antes de o Governo anunciar uma nova travessia destinada ao comboio de alta velocidade e que ficaria próxima da de D. António Francisco dos Santos, quem defendeu a criação de dois tabuleiros”. “Faz mais sentido para o interesse público que a nova ponte culmine numa dupla utilização”, disse Moreira na altura.
A 28 de setembro, na cerimónia do anúncio Governamental, o assunto foi de novo levantado. “Do ponto de vista financeiro, é muito mais barato fazer uma ponte do que duas pontes. A viabilidade técnica da fusão das duas pontes está comprovada. Esta é uma solução totalmente viabilizada. Será uma decisão dos senhores autarcas (do Porto e de Gaia) e do senhor ministro (das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos)”, disse Carlos Fernandes, do conselho de administração da IP.
Em novembro foi a vez de Eduardo Vítor Rodrigues defender o mesmo, remetendo uma decisão definitiva para o final do ano, “uma decisão de equilíbrio, sem vaidades nem questões paroquiais”.
Existe contudo o problema do concurso de conceção e construção da ideia inicial (de apenas um tabuleiro à cota baixa) que recebeu seis propostas. “Ainda não temos o relatório final do júri, e elas podem não estar válidas por causa da questão do valor. Tudo isto decorre com um nível de lentidão processual que altera circunstâncias de preços e nisso ficamos todos mal. Corremos o risco de, não tendo esta decisão, não ter nenhum concorrente validamente aceite com valor dentro do intervalo definido no concurso, o mesmo fique vazio”, esclareceu o autarca de Gaia.
Legenda da imagem: Eduardo Vítor Rodrigues e Rui Moreira no dia 12 de abril de 2018, na apresentação da nova ponte
Fonte: Jornal de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Leonel de Castro / Global Imagens