O Governo português anunciou esta quinta-feira um acordo com o Executivo espanhol e a Comissão Europeia para avançar com a ligação ferroviária entre Lisboa e Madrid, que deverá estar concluída até 2030.
O entendimento define um conjunto de ações concretas que permitirão estabelecer a ligação entre as duas capitais, reduzindo progressivamente o tempo de viagem até cerca de três horas em 2034, quando estiver concluída a linha de alta velocidade.
De acordo com o Ministério das Infraestruturas e Habitação, o projeto pretende oferecer uma alternativa mais competitiva e sustentável aos atuais mais de 40 voos diários entre as duas cidades, promovendo a transferência para um meio de transporte com menor pegada carbónica.
“Este projeto é mais do que uma ligação ferroviária, é uma ponte para o futuro da mobilidade sustentável e da coesão europeia”, afirmou o ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, citado em comunicado.
Reforço da coesão territorial e económica
O Governo sublinha que a nova ligação entre Lisboa e Madrid irá reforçar a coesão territorial e económica, além de contribuir para os objetivos de neutralidade carbónica até 2050, assumidos por Portugal no âmbito do Acordo de Paris e da União Europeia.
“Ao reduzir significativamente o tempo de viagem para cerca de três horas até 2034, este projeto não só reforça a coesão territorial e económica, mas também contribui diretamente para a redução das emissões de gases com efeito de estufa, contribuindo para uma mobilidade mais sustentável em Portugal e na Península Ibérica”, lê-se no comunicado.
O projeto insere-se na estratégia europeia de mobilidade sustentável e na interligação ferroviária transfronteiriça, contemplando investimentos estruturantes em infraestrutura, modernização tecnológica e interoperabilidade ferroviária.
Portugal e Espanha comprometeram-se ainda a avaliar, até 2027, os custos e benefícios da migração da atual bitola ibérica para a bitola europeia padrão, medida que poderá facilitar a integração com as redes ferroviárias do continente.
No caso de avaliação favorável, os dois países apresentarão um plano devidamente coordenado para a migração de bitola.
Compromisso com a mobilidade do futuro
Para o ministro Miguel Pinto Luz trata-se de acordo como um “passo histórico” na cooperação entre Portugal e Espanha, destacando a ferrovia como meio de transporte do futuro — mais rápido, mais sustentável e mais integrado na rede europeia.
“Com investimentos concretos, prazos definidos e coordenação entre os dois países, estamos a garantir que o transporte ferroviário de alta velocidade seja uma realidade ao serviço das pessoas, da economia e da coesão territorial”, afirmou.
O Governo reforça que o projeto representa um compromisso político e financeiro com uma infraestrutura moderna, eficiente e amiga do ambiente, contribuindo para uma mobilidade mais sustentável em Portugal e em toda a Península Ibérica.
Esta é também uma evidência do nosso compromisso com uma mobilidade moderna e eficiente bem como da nossa ambição para Portugal”, acrescenta.
Veja aqui as metas até 2030:
Viagem direta Lisboa-Madrid em cerca de 5 horas;
Conclusão das obras na nova linha de alta velocidade entre Évora e Caia até 2025 (operação em 2026);
Entrada em operação do troço Plasencia-Talayuela até 2028;
Início da construção da segunda via entre Poceirão e Bombel em 2026, com conclusão até 2029 (e operação em 2030);
Conclusão dos estudos para a nova linha Lisboa-Évora, incluindo a Terceira Travessia sobre o Tejo até 2027.
E as metas até 2034
Viagem direta Lisboa-Madrid em cerca de 3 horas;
Construção da nova linha de alta velocidade Lisboa-Évora, incluindo a Terceira Travessia sobre o Tejo e duplicação da linha Évora-Caia (caso se justifique a necessidade);
Implementação do sistema europeu de gestão de tráfego ferroviário (European Rail Traffic Management System – ERTMS) em diversos trechos entre Lisboa e Madrid;
Estudos e eventual construção do novo troço de alta velocidade entre Caia e Badajoz e Estação Ferroviária Internacional Elvas-Badajoz, na fronteira entre os dois países.
Fonte: www.rr.pt
Crédito da imagem: Teresa Suarez / EPA