Foi há quase 200 anos que D. Pedro IV de Portugal (D. Pedro I do Brasil) morreu vítima de tuberculose, aos 35 anos.
Cercado pela mulher, Amélia Leuchtenberg, as filhas — a Rainha D. Maria II e a princesa Maria Amélia — os duques da Terceira e Saldanha, os criados particulares e o Padre Marcos, que serviu de seu confessor, o antigo Rei de Portugal e primeiro Imperador do Brasil escolheu a Sala de D. Quixote, do Palácio de Queluz, lugar onde nasceu, como o cenário do seu último ato político.
Desde esta quarta-feira (24), os visitantes do palácio podem ver o leito de morte tal como era em 1834.
Até muito recentemente a cama que estava na Sala de D. Quixote fazia parte das antigas coleções da casa real, mas não era o original — que ardeu num incêndio em outubro de 1934.
Nos últimos três anos as equipas do Palácio de Queluz iniciaram os trabalhos de investigação para reproduzir o leito tal como era na altura. Uma reconstituição inédita que é agora apresentada ao público.
“A reconstituição historicamente informada do leito de aparato exigiu uma investigação aprofundada, seguida de um processo minucioso que contou com artesãos de marcenaria e costura para obter a versão o mais aproximada possível da peça original, com o mesmo tipo de madeira e os mesmos tecidos descritos nos inventários estudados”, explica João Sousa Rego, presidente do Conselho de Administração da Parques de Sintra, num comunicado de imprensa.
O trabalho usou como base a iconografia existente, como a aguarela de Ferdinand le Feubure datada de 1850 e fotografias de época.

Sala de D. Quixote Aguarela sobre papel de Ferdinand le Feubure – 1850 @COOPER HEWITT / SMITHSONIAN DESIGN MUSEUM
Uma investigação aos inventários e documentos posteriores à morte de Pedro IV encontrou informações sobre os materiais usados e as dimensões.
O passo seguinte foi a concretização do projeto: a estrutura em madeira de espinheiro, confiada a um marceneiro com experiência em mobiliário clássico, e a elaboração da armação têxtil, com seda, bordados e franjas, entregue a um atelier de costura e decoração que reproduziu os elementos visuais descritos nos documentos e inventários.
“O intuito deste projeto é permitir uma interpretação mais fidedigna da Sala de D. Quixote, fortemente ligada à vida e morte de D. Pedro IV, um dos monarcas que marca indelevelmente a história do Palácio Nacional de Queluz, de Portugal e do Brasil”.
Este leito não é apenas uma peça de mobiliário, é um símbolo de um momento que mudou Portugal para sempre”, destaca João Sousa Rego sobre o envolvimento do chamado Rei-Soldado na instauração do liberalismo monárquico português.
O espaço está inserido na ala dos aposentos privados dos monarcas edificada na segunda metade do século XVIII. Com projeto do arquiteto francês Jean Baptiste Robillion, esta sala é decorada nos estilos rococó e neoclássico e tem nas sancas e sopreportas pinturas com cenas da vida de D. Quixote de la Mancha, de Cervantes.
Fonte: www.observador.pt
Crédito da imagem: José Marques Silva