Era uma das decisões mais entusiasmantes dos últimos anos. Na Xiaomi Arena de Riga, na Letónia, disputada neste domingo, a Alemanha venceu a Turquia (83-88) e conquistou o Campeonato da Europa de basquetebol pela segunda vez, acumulando o título com o de campeã mundial, tornando-se também a primeira seleção a ser campeã europeia sem sofrer qualquer derrota desde a Eslovénia em 2017.
Turquia e Alemanha cruzaram-se na final do Campeonato da Europa de basquetebol e sabiam desde logo que o vencedor seria inédito ou muito adiado: os turcos nunca tinham sido campeões europeus, os alemães não eram campeões europeus desde 1993.
Mais do que isso, Turquia e Alemanha chegavam à final só com vitórias entre fase de grupos e eliminatórias, algo que não acontecia numa final da competição desde 2003, quando a Lituânia derrotou a Espanha para se sagrar campeã europeia.
Os turcos venceram o grupo em que estava Portugal, sendo que golearam a Seleção Nacional por 95-54 nessa altura, e os alemães ficaram no primeiro lugar do respetivo grupo, onde também estavam Lituânia, Finlândia e Suécia.
Nas meias-finais, já depois de ter eliminado Suécia e Polónia, a Turquia assinou uma exibição brutal contra a Grécia de Giannis Antetokounmpo e carimbou o apuramento para a segunda final da sua história depois de ter perdido a de 2001, a jogar em casa, contra a Jugoslávia.
Já a Alemanha começou por afastar Portugal nos oitavos de final, vencendo depois Eslovénia e Finlândia, chegando à final pela terceira vez: ganhou em 1993, contra a Rússia, e perdeu em 2005, contra a Grécia. Acima disso, os alemães tinham a possibilidade de juntar o Campeonato da Europa ao Campeonato do Mundo conquistado em 2023, um duplo feito muito raro no basquetebol.
“Tivemos uma vitória fantástica na meia-final, mas não é suficiente para nós. Estamos preparados para lutar pelo troféu. Neste momento, o meu único plano é descansar, recarregar baterias e prepararmo-nos para a Alemanha”, disse Ergin Ataman, o selecionador turco que é também o treinador do Panathinaikos, na antevisão.
“Estamos juntos, estamos confiantes e vamos lutar no domingo. É uma grande responsabilidade e temos de aproveitar o momento. Vamos tentar fazer o nosso melhor jogo e ver o que aconteceu”, acrescentou Alan Ibrahimagic, adjunto que tem substituído Álex Mumbrú, selecionador dos alemães que tem tido um papel secundário devido a um problema de saúde.
Assim, este domingo e já depois de a Grécia ter ficado com a medalha de bronze ao derrotar a Finlândia no jogo do terceiro e quarto lugares, a final mostrou logo no período inaugural que não iria desiludir.
A Turquia surpreendeu a Alemanha no arranque, chegando mesmo a colocar-se a vencer por 13-2 nos primeiros minutos, e ficava a ideia de que os alemães teriam de contar com as individualidades para superar o coletivo turco.
E as individualidades apareceram. Franz Wagner e Isaac Bonga lideraram a reação da Alemanha, compensando o apagão de Dennis Schröder, e conseguiram mesmo chegar à reviravolta no fim do quarto inicial (22-24).
A Turquia respondeu no segundo período, muito à boleia da qualidade ofensiva de Alperen Şengün e do acerto de Shane Larkin, e aproveitou alguma falta de discernimento alemã nos últimos minutos para chegar ao intervalo em vantagem (46-40).
A Alemanha voltou melhor do intervalo e conseguiu recuperar a dianteira do resultado em poucos minutos, numa resposta carimbada com um enorme triplo de Isaac Bonga. Ergin Ataman pediu um timeout nesta fase e os alemães implementaram a estratégia que têm carregado durante todo o Campeonato da Europa, ativando uma enorme rotação dos jogadores que iam estando em campo e procurando soluções no banco de suplentes.
o fim do terceiro período, ainda assim, a Turquia estava na frente da final de forma tangencial e Alperen Şengün era o principal candidato a MVP, com 24 pontos (67-66).
O equilíbrio manteve-se no derradeiro e decisivo quarto período, com os turcos a alargarem ainda a vantagem antes de os alemães conseguirem recuperar novamente a dianteira do resultado — através do quarto triplo de Isaac Bonga, que ia realizando uma exibição muito acima da média.
Entre trocas quase imediatas na liderança, os turcos acabaram por ser traídos pelas dificuldades físicas evidentes que foram sentido na ponta final e já não tiveram capacidade para reagir.
Fonte: www.observador.pt
Crédito da imagem: Divulgação / FIBA