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Preços das casas deram “salto” recorde 16,3% nos primeiros três meses do ano. E devem continuar a subir, dizem economistas

Os preços das casas em Portugal saltaram 16,3% no primeiro trimestre deste ano, em termos homólogos, os primeiros meses em que esteve no terreno a garantia pública no crédito à habitação para os jovens – e uma fase em que o BCE baixou as taxas de juro várias vezes.

A variação homóloga do índice de preços na habitação, que é a mais elevada de que há registo, é acompanhada por uma subida de 4,8% em comparação com os três meses antecedentes (o último trimestre de 2024).

O indicador foi revelado nesta segunda-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

“No primeiro trimestre de 2025, o Índice de Preços da Habitação (IPHab) cresceu 16,3% em termos homólogos, mais 4,7 pontos percentuais (p.p.) que no trimestre anterior”, afirma o organismo oficial de estatísticas, acrescentando que “no trimestre de referência, a taxa de variação dos preços das habitações existentes [usadas] foi 17,0%, acima da observada nas habitações novas (14,5%)”.

O INE acrescenta que, “em relação ao trimestre anterior, o IPHab aumentou 4,8%“, o que também é uma aceleração face aos 3,0% que tinham sido o aumento em cadeia no quarto trimestre de 2024 (face ao terceiro trimestre desse ano). “A categoria das habitações existentes registou um crescimento dos preços superior ao das habitações novas, com variações de 5,3% e 3,7%, respetivamente”, afirma o INE.

Nestes primeiros três meses de 2025, houve 41.358 casas compradas e vendidas, o que é um crescimento homólogo de 25% – ainda assim uma desaceleração face ao aumento homólogo de 32,5% no trimestre anterior – o quarto trimestre de 2024 – e “uma redução em cadeia de 8,5%”.

“Em valor, as transações registadas ascenderam a 9,6 mil milhões de euros, mais 42,9% face a idêntico período de 2024″, acrescenta o INE.

Neste período, “5,1% do número total de transações (2.098 habitações) envolveram compradores com um domicílio fiscal fora do território nacional, uma percentagem que sobe para 8,2% se se considerar o valor transacionado”, diz o INE.

A forte subida dos preços das casas coincide com uma fase de redução das taxas de juro do BCE (e os indexantes Euribor) e, por outro lado, a entrada em vigor das medidas de apoio público à compra de casa por parte dos jovens.

No verão entrou em vigor a isenção de IMT e IS (imposto de selo) e, na viragem do ano, chegou ao terreno a garantia pública (parcial, até 15%) na compra de casa também por parte dos jovens – o que ajuda a contornar a necessidade da “entrada inicial”, que nos últimos anos foi um obstáculo importante à compra de casa por parte dos mais jovens.

Mercado imobiliário deve manter-se em “zona de expansão” em 2025, dizem economistas

O ritmo de subida dos preços das casas surpreendeu os economistas do BPI que, numa nota de análise divulgada nesta segunda-feira, salientam que se trata da “variação trimestral
mais elevada da série”. A série atual deste índice começou em 2009.

Os economistas do BPI salientam que “dados do Índice de Preços Residenciais elaborado pela Confidencial Imobiliário (CI) sinalizavam já, previamente à saída do dado do INE, apreciação dos imóveis no primeiro trimestre de 2025″.

Por outro lado, “já em abril as expetativas para vendas e preços nos próximos três meses do Portuguese Housing Market Survey (CI) situavam-se em terreno positivo e nos registos mensais mais elevados de 2025, antecipando continuação do bom tom neste mercado, embora com expetativas mais fortes para os preços do que para as transações”.

Olhando para o que resta do ano, os economistas do BPI salientam que “outros dados já à entrada do segundo trimestre de 2025 apontam para desempenho positivo”.

Por exemplo, salienta o banco, a avaliação bancária no contexto de crédito à habitação, em abril evoluiu 16,9% em termos homólogos e o valor mediano por metro quadrado (1.866 euros) situa se 6,8% acima do registado em finais de 2024.

“As novas operações de crédito à habitação também evoluem fortemente, com um valor médio de 1.566 milhões de euros contratados, mensalmente, no primeiro quadrimestre do ano”, acrescenta o BPI.

“Em 2025 esperamos que o mercado imobiliário se mantenha em zona de expansão (aumento dos preços e do número de transações) principalmente porque os diferentes fatores que promoveram a procura em 2024 continuarão presentes”.

A previsão atual do BPI Research aponta para um crescimento médio dos preços de 9,5% e de 3,4% das transações, mas o banco admite uma revisão em alta da previsão”.

O BPI conclui que o BCE “situou já as taxas de juro em níveis considerados neutrais, espera-se que o rendimento disponível das famílias continue a recuperar e também se prevê que a população empregada continue a crescer”.

“Não obstante, não esquecemos que a acessibilidade à habitação continua a agravar-se (rácio price-to-income português entre os mais elevados da OCDE), e, que a instabilidade geopolítica pode também vir a refletir-se na confiança dos agentes económicos e nas condições financeiras”, afirmam os economistas.

Fonte: www.observador.pt

Crédito da imagem: Lusa / Portugal