A Aliança Democrática venceu as eleições e conseguiu reforçar a percentagem de votos e o número de deputados no Parlamento.
O segundo lugar permanece indefinido até que sejam apurados os resultados dos votos no estrangeiro. Partido Socialista e Chega num braço-de-ferro pelo maior número de mandatos.
A AD conquistou a vitória nas legislativas com 32,10 por cento dos votos, elegendo 86 deputados,
A aproximação do partido de André Ventura levou Pedro Nuno Santos a apresentar a demissão da liderança do PS.
O Livre subiu a quinta força política, enquanto o Bloco de Esquerda foi superado pela CDU. Há ainda um novo partido com representação parlamentar: o Juntos Pelo Povo.
A este resultado juntam-se os 0,62 por cento (três mandatos) da AD na Madeira, que nessa região inclui o Partido Popular Monárquico (PPM).
“O povo quer este Governo e não quer outro. O povo quer este primeiro-ministro e não quer outro”, destacou o primeiro-ministro e líder da AD, Luís Montenegro.
“Espera-se sentido de Estado, sentido de responsabilidade, respeito pelas pessoas e espírito de convivência na diversidade mas também de convergência e salvaguarda do interesse nacional”.
Questionado pelos jornalistas sobre as condições de governabilidade, o líder social-democrata afiançou: “Não me parece que haja outra solução de Governo que não aquela que dimana da vontade livre, democrática e convicta do povo português”.
Luís Montenegro foi ainda questionado sobre o caso Spinumviva, sublinhando que a “razão objetiva” que conduziu às eleições “foi a rejeição de uma moção de confiança” na Assembleia da República.
Após esta eleição, “a moção de confiança que o povo endereçou hoje ao Governo é suficiente para que todos assumam as respetivas responsabilidades”, assinalou Montenegro, exigindo ainda “maturidade” das forças políticas.
Perante o empate entre PS e Chega em número de deputados, só se ficará a saber quem irá liderar a oposição quando forem conhecidos os resultados do estrangeiro.
Em jogo estão ainda quatro assentos: cada um tem agora 58 mandatos, com o PS a arrecadar 23,38 por cento dos votos e o Chega 22,56 por cento.
Confrontado com esta vitória para o Chega e derrota para o PS, o socialista Pedro Nuno Santos apresentou a demissão e anunciou eleições internas no partido.
“Pedirei eleições internas às quais não serei candidato”, declarou o secretário-geral socialista no seu discurso ao final da noite. “Mas como disse Mário Soares, só é vencido quem desiste de lutar e eu não desistirei de lutar. Até breve, obrigado a todos”.
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Questionado pelos jornalistas sobre o que correu mal, Pedro Nuno considerou ser cedo para avaliações, mas concluiu que os “partidos que provocaram a instabilidade foram premiados”.
“Nós fizemos o nosso melhor, denunciámos aquilo que estava mal na governação (…). Não foi suficiente”, afirmou, acrescentando não ser “a pessoa certa para fazer juízos”.
Chega declara fim do bipartidarismo
André Ventura disse ter feito história esta noite ao tornar o Chega “o segundo maior partido” nas eleições legislativas. “Podemos declarar oficialmente, e com segurança, que acabou o bipartidarismo”, vincou.
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Sobre futuros cenários de governabilidade, o líder do Chega afirmou que o próximo Governo “depende do Chega e só do Chega”, mas não esclareceu se viabilizará o programa do próximo Executivo no Parlamento.
“Podemos assegurar ao país algo que não acontecia desde 25 de Abril de 1974”, declarou.
“O Chega superou o partido de Mário Soares, de António Guterres. O Chega matou o partido de Álvaro Cunhal. O Chega varreu do mapa o Bloco de Esquerda”.
IL mantém, Livre e CDU sobem, Bloco desce
Em quarto lugar, tal como no ano passado, ficou a Iniciativa Liberal. O partido de Rui Rocha passou a nove deputados, mais um do que em 2024, conquistando 5,53 por cento dos votos.
“Não foi possível crescer mais, assumo esse ponto. Mas olhando para trás, para esta legislatura, para a campanha que fizemos, eu não teria feito nada diferente”, afirmou, dizendo estar disponível “para as conversas dos próximos dias e para todos os contactos”.
O Livre foi uma das surpresas desta noite eleitoral, pulando para quinta força política com 4,20 por cento dos votos e seis deputados (mais dois do que já tinha conquistado).
“Nós vamos dinamizar um grande movimento democrático e progressista no nosso país, porque este é o início da reviravolta”, garantiu Rui Tavares.
“Nós não nos conformamos, nós não baixamos os braços, e nós não achamos que seja normal ter um país em que a direita se radicalizou e está num crescendo muito grande, com a extrema-direita com tantos deputados”, acrescentou.
Já a CDU perdeu um mandato, ficando agora com apenas três (depois de obter 3,03 por cento dos votos), mas conseguiu passar à frente do Bloco de Esquerda. Paulo Raimundo prometeu que o partido enfrentará com “muita coragem” a direita e a extrema-direita.
O porta-voz da CDU saudou, “de forma particular, a juventude” que deu a “esta campanha eleitoral uma expressão de grande dinâmica, de grande audácia, uma expressão eleitoral que teve frutos no presente e vai ter frutos no futuro”.
O Bloco de Esquerda foi um dos derrotados da noite, ficando-se pelos dois por cento de votos (menos de metade em relação ao ano passado) e elegendo apenas a deputada Mariana Mortágua.
A perda de quatro deputados foi reconhecida pela coordenadora do BE como uma derrota. “Assumir essa derrota é o primeiro passo para fazermos em conjunto a reflexão que temos de fazer”, considerou, aproveitando para garantir “a toda a esquerda em Portugal” que “o Bloco de Esquerda está aqui”.
“Temos muito trabalho pela frente para construir a esquerda e alargá-la, e para enfrentar a extrema-direita”, acrescentou Mortágua.
O PAN conseguiu, por sua vez, manter a deputada única Inês Sousa Real, apesar de ter decrescido em número de votos: alcançou 1,36 por cento.
“Gostaríamos de ter elegido um grupo parlamentar”, admitiu a porta-voz, acrescentando que “o voto útil acabou por prejudicar mais uma vez a pluralidade democrática”.
“Hoje é um dia triste do ponto de vista democrático para vários partidos e não apenas o PAN”, frisou Inês Sousa Real, referindo-se ao crescimento da direita.
Por fim, com 0,34 por cento dos votos, o Juntos Pelo Povo alcançou representação parlamentar, elegendo um deputado. Filipe Sousa considerou preocupante o crescimento do Chega nestas eleições.
“Quando os governos falham, os extremismos aumentam. E a verdade é que o crescimento do Chega é preocupante”, declarou aos jornalistas.
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