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Galp esfrega as mãos com mais 400 milhões do Brasil e diz que “ainda é cedo” para avaliar Namíbia

Realidade versus potencial. O Brasil continua a dar cartas para as contas da Galp, enquanto a Namíbia não passa de promessa. Mas quem ouviu a chamada com os analistas na segunda-feira até poderia ficar a pensar o contrário.

A Namíbia foi a grande estrela da chamada, com diversos analistas a questionarem os responsáveis da petrolífera sobre o projeto.

“Ainda é cedo”, foi repetido ao longo da chamada. Maria João Carioca foi quem liderou as hostes. A co-CEO interina foi quem respondeu pela Galp a quase todas as perguntas.

Sobre a Namíbia, destacou que não existe prazo para a Galp vender uma participação de 40%, pois a companhia ainda está a realizar avaliações, esperando ter os dados do quinto poço ainda este mês para os analisar e tomar decisões sobre o rumo a tomar, garantindo que a petrolífera continua à “procura de um parceiro” que seja um “operador experiente”, sublinhando que não está com pressa para fechar um acordo.

“Queremos olhar para o que os dados nos dizem. Queremos olhar para o que os parceiros nos contam. Existe interesse nos ativos. Temos potencial para os ativos”, afirmou.

A companhia está atualmente a furar o quinto poço – Mopane 3X – no sudeste da área de Mopane, esperando ter resultados ainda este mês.

Em relação ao Brasil, a companhia prevê gerar mais 400 milhões de euros de cash flow por ano com a nova plataforma-navio (FPSO) no Brasil, na área de Bacalhau, que está em preparação e deverá arrancar a sua operação este ano.

Quando estiver totalmente operacional, vai contribuir com mais 40 mil barris diários para a Galp. Por ano, serão mais 400 milhões de dólares (382 milhões de euros) em cash gerados para a Galp.

Em 2024, a companhia produziu 109 mil barris diários a partir do Brasil, mas para este ano, com manutenções programadas, a produção deverá recuar para 105 mil barris diários.

Maria João Carioca disse que a expectativa é que a FPSO entre em operação total mais no final do ano. “Não vemos volumes significativos em 2025. As nossas estimativas apontam para mais 4 mil barris diários para o ano de 2025.”

Durante a chamada, outra das questões foi sobre o processo de recrutamento para o novo presidente-executivo.

“Sentimo-nos completamente integrados. Temos o forte apoio da administração,” disse, por sua vez, João Diogo Silva.

“Decorre um processo competitivo de avaliação de candidatos internos e externos. Vai levar seis meses a partir de agora,” acrescentou o gestor que partilha a liderança com Maria João Carioca.

João Diogo Silva disse que este era um momento de os co-CEOs focarem-se no trabalho que têm pela frente nos próximos tempos.

A companhia fechou a sessão de segunda-feira a afundar mais de 3%, desvalorizando 341 milhões de euros.

Para 2025, a companhia espera um ambiente macroeconómico mais desfavorável, prevendo 2,5 mil milhões de EBITDA e um cash flow orgânico de 1,6 mil milhões, segundo a co-CEO interina Maria João Carioca.

Para 2026, prevê menos ventos desfavoráveis, com a produção a recuperar com menor peso da manutenção e com mais peso da área de Bacalhau no Brasil. Nesse ano, o cash flow orgânico deverá disparar 20% para 2,6 mil milhões.

A companhia prevê gastar por ano em investimento menos de 800 milhões, com 65% destinados a “crescimento e transformação”.

A refinaria da Galp em Sines atingiu um recorde de produção em 2024. Foram 91 mil barris diários produzidos, uma subida de 15% face ao ano anterior, segundo a Galp.

Durante este período, as vendas grossistas e retalhistas de produtos petrolíferos da companhia subiram 8%, com a margem de refinação a cair mais de 30% para 7,4 dólares por barril.

A empresa anunciou uma manutenção programada na refinaria de Sines no final de 2025.

Ao mesmo tempo, manteve o prazo de arranque das novas unidades de hidrogénio verde e de combustíveis verdes para 2026, adiantando que 95% da contratação já está feita.

 Os lucros da Galp desceram 4% para 961 milhões de euros em 2024, anunciou a empresa na segunda-feira.

A companhia vai propor aos acionistas uma subida do dividendo em 15% para 0,62 euros e vai lançar um programa de recompra de ações de 250 milhões.

O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) da companhia recuou 7% neste período para 3.297 milhões de euros, refletindo “uma sólida performance operacional entre as várias divisões de negócio num ambiente macroeconómico mais fraco”.

O segmento upstream registou uma queda de 8% para 2.078 milhões de euros. Já o industrial e midstream recuou 6% para 876 milhões de euros. O comercial subiu 1% para 306 milhões, com as renováveis a afundarem 64% para 47 milhões.

A companhia aponta que o Capex (despesas de capital) económico atingiu os 1.291 milhões de euros, com as campanhas de exploração e avaliação na Namíbia e os projetos de upstream no Brasil, como Bacalhau, assim como projetos de baixo carbono e de energias renováveis.

Já o free cash flow (fluxo de caixa livre) recuou 3% para 1.335 milhões, enquanto a dívida líquida recuou 14% para 1.200 milhões.

A companhia vai distribuir 769 milhões de euros, incluindo 419 milhões de dividendos e 351 milhões em programas de buybacks (compra de ações), e 166 milhões para interesses minoritários.

“Fechamos 2024 com outro forte trimestre, num ano de entrega consistente, acima do previsto em todas as unidades de negócio”, disseram em comunicado Maria João Carioca e João Diogo Silva, os co-CEOs interinos da empresa.

Destacando o EBITDA de 3,3 mil milhões e o cash flow orgânico de 2,1 mil milhões, e após o pagamento de dividendos, a companhia conseguiu “reduzir a sua dívida líquida e reforçar a sua posição financeira”.

“Em 2025 e 2026, vamos continuar a executar os nossos projetos de crescimento estratégicos, o topo do portfólio da Galp, combinando com uma aproximação disciplinada a um plano intensivo de baixo capital”, segundo os gestores.

“A nossa gestão atual está desenhada para assegurar a continuidade do foco e da execução estratégica. Temos grandes pessoas e o apoio da administração para olhar para o caso único de investimento da Galp neste ano”, pode-se ler.

Fonte e crédito da imagem: O Jornal Económico / Portugal