No dérbi 324, o Benfica voltou a ser feliz numa final da Taça da Liga, o que não acontecia desde 2016. A equipa encarnada venceu o Sporting no desempate por grandes penalidades (7-6, depois do empate, 1-1, no tempo regulamentar) este sábado e ergueu assim o 8.º troféu, reforçando o papel de recordista em 18 edições.
Numa final marcada pelo fair play, Benfica e Sporting fizeram guarda de honra.
“Precisamos esperar o inesperado para saber como navegar na incerteza”. A frase é do pensador francês Edgar Morin. Rui Borges vs. Bruno Lage era um duelo mais do que improvável no início da temporada, pois ambos foram solução para crises imprevistas.
Bruno Lage estava no desemprego e iria ser depois chamado para o lugar de Roger Schmidt e Rui Borges liderava o Vit. Guimarães longe de saber que Ruben Amorim iria sair para o Manchester United e provocar um verdadeiro terramoto em Alvalade, onde chegou um dia depois do Natal para substituir João Pereira.
Mas improvável não é impossível e, de certa forma, a presença na final da Taça da Liga acaba por ser um prémio pessoal para os dois treinadores, que chegaram a janeiro em todas as frentes de batalha da época 2024-25.
O título de campeão de inverno foi para Bruno Lage, que assim conquistou o terceiro troféu ao serviço do Benfica, depois do título nacional e da Supertaça na primeira passagem.
3-0 em alterações no onze
“Fresneda teve uma noite atribulada” e por isso Rui Borges deu lugar a Eduardo Quaresma. A entrada do defesa central que o técnico acredita ser a melhor opção para lateral direito enquanto não consegue contratar Alberto (Vit. Guimarães) não foi a única alteração face à partida da meia final em que derrotou o FC Porto (1-0).
João Simões assumiu a luta do meio campo no lugar do lesionado Morita, enquanto Geovany Quenda ocupou o lugar de Matheus Reis e assim se tornou mais jovem de sempre a jogar uma final da Taça da Liga com 17 anos e 8 meses.
Bruno Lage confessou que gostou da “dinâmica ofensiva” da equipa na meia final em que venceu o Sp. Braga (3-0) e por isso apresentou os mesmos no confronto com o Sporting. Manter António Silva na defesa e Schjelderup no ataque foram as novidades do técnico no seu jogo 100 de águia ao peito.
A equipa encarnada entrou mais perigosa no jogo e com mais iniciativa e posse de bola. O Sporting deu boa resposta e até criou a primeira grande oportunidade de golo. Uma defesa apertada de Trubin impediu Quenda de marcar aos 17 minutos e contribuiu para o bom espetáculo no Estádio Dr. Magalhães Pessoa.
A equipa leonina não abdicava de sair a jogar desde trás, apesar do adversário pressionar alto e dessa forma dificultar o jogo de posse dos leões, que aos 29 minutos sofreu um golo.
Schjelderup soube dar seguimento a uma boa jogada de Di María, enfrentando e driblando Quaresma para bater Franco Israel. Um belo remate em arco do norueguês do Benfica, que assim colocou a equipa em vantagem na final.
Oito dérbis depois, as águias conseguiram marcar primeiro. Quenda e Quaresma tentaram responder na mesma moeda, mas não foram bem sucedidos.
O empate seria obra de um certo infortúnio de Fiorentino, que pisou Maxi Araújo na área e deu oportunidade a Viktor Gyökeres para igualar o jogo de grande penalidade. O sueco já tinha marcado ao FC Porto e ao Vit. Guimarães em 2025 e fez assim o pleno na Taça da Liga.
Descansar, refletir e até mudar peças
Depois de 45 minutos bem jogados e com um golo para cada equipa, a emoção estava garantida para a segunda parte. Afinal só poderia haver um vencedor. Bruno Lage trocou Schjelderup por Aktürkoglu (Di María passou para o corredor esquerdo), mas Rui Borges voltou do intervalo com os mesmos.
Aos 47 minutos o Benfica ficou a pediu uma mão na bola de João Simões na área, mas o árbitro João Pinheiro mandou jogar com a bênção do VAR.
Sem perder a emoção de uma rivalidade histórica ou baixar a intensidade, as equipas entraram numa fase de disputa homem-a-homem, com as implicações que isso acarreta a nível disciplinar. As paragens davam jeito para ganhar folêgo e meter o turbo… Quenda e Maxi juntos no corredor esquerdo esgotaram Tomás Araújo.
A partir dos 75 minutos começou a chover intensamente em Leiria e a qualidade de jogo decresceu até a um nível “estratégico”, aquele momento em que a maioria dos treinadores prefere jogar para não perder do que jogar para ganhar. E assim o jogo terminou empatado. Foi preciso ir ao desempate por grandes penalidades para encontrar o vencedor da Taça da Liga 2025.
E depois de um acerto brutal de ambas as equipas, a fava saiu a Francisco Trincão, ao 14. pontapé de penálti, e a festa foi do Benfica.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: www.slbenfica.pt