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Morreu Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos

Em fevereiro de 2023, e depois de vários problemas de saúde por causa do cancro, o antigo presidente norte-americano Jimmy Carter resolveu recusar mais tratamentos médicos e optar pelos cuidados paliativos.

Este domingo “morreu tranquilamente” rodeado pela família na sua casa em Plains, na Geórgia. Tinha feito 100 anos em outubro e foi o presidente dos EUA que viveu mais tempo. Mas ficará provavelmente na história como “o melhor ex-presidente que a América teve”.

“O meu pai foi um herói, não só para mim, mas para todos os que acreditam na paz, nos direitos humanos e no amor altruísta”, disse o filho Chip num comunicado partilhado pelo Centro Carter.

“Os meus irmãos, a minha irmã e eu partilhámo-lo com o resto do mundo através destas crenças comuns. O mundo é a nossa família pela forma como ele uniu as pessoas e agradecemos a todos vós por honrarem a sua memória ao continuarem a viver estas crenças partilhadas”, acrescentou.

O democrata Jimmy Carter, então governador da Geórgia, foi eleito presidente em 1976, derrotando o então inquilino da Casa Branca Gerald Ford – que tinha sucedido a Richard Nixon, que foi forçado a demitir-se por causa do escândalo Watergate.

O 39.º presidente dos EUA esteve no cargo durante um único mandato, sendo derrotado quatro anos depois pelo republicano Ronald Reagan.

O seu tempo na Casa Branca ficou marcado, pela positiva, pelos acordos de Camp David, em 1978, que culminaram na paz entre Israel e o Egito.

Mas, pela negativa, ficou marcado por uma recessão económica, pela impopularidade e pela crise dos reféns no Irão – 53 diplomatas e cidadãos norte-americanos foram feitos reféns a 4 de novembro de 1979 por estudantes que apoiavam a Revolução Islâmica, sendo libertados apenas a 20 de janeiro de 1981 – minutos após a tomada de posse de Reagan.

Carter era muitas vezes considerado melhor “ex-presidente” do que presidente, com os acordos de Camp David a inspirar o centro que criou – junto com a mulher Rosalynn – em 1982.

Tornou-se sinónimo de defensor da democracia, da saúde pública e dos direitos humanos. Em 2002 ganhou o Prémio Nobel da Paz “pelas décadas de esforço incansável para encontrar soluções pacíficas para os conflitos internacionais, para fazer avançar a democracia e os direitos humanos e para promover o desenvolvimento económico e social”.

As suas incursões diplomáticas não agradaram, contudo, a todos os sucessores. Anunciou um acordo com a Coreia do Norte – que visitou – passando por cima do então presidente Bill Clinton. E criticou abertamente George W. Bush pela invasão do Iraque, em 2003.

O atual chefe do Estado, Joe Biden, reagiu prontamente à morte de Carter, que apelidou de “um líder, estadista e humanitário extraordinário”, anunciando que haverá um funeral de Estado.

“Para todos os jovens desta nação e para qualquer um em busca do que significa viver uma vida de propósito e significado – a boa vida – estudem Jimmy Carter, um homem de princípios, fé e humildade. Ele mostrou que somos uma grande nação porque somos um bom povo – decente e honrado, corajoso e compassivo, humilde e forte”, acrescentou.

O Centro Carter indicou que os pormenores das cerimónias, que vão decorrer em Atlanta e em Washington D.C., serão revelados mais tarde.

O funeral, privado, será em Plains, onde já repousa a ex-primeira-dama Rosalynn. A mulher de Carter morreu a 19 de novembro do ano passado, com 96 anos – o funeral foi a última vez que foi visto em público, bastante frágil e numa cadeira de rodas. Estiveram casados 77 anos, tendo tido quatro filhos, 11 netos e 14 bisnetos.

Trump fala em “dívida de gratidão”, Obama numa vida de “graça, dignidade, justiça e serviço”

O presidente-eleito, Donald Trump, reagiu à morte de Carter com uma mensagem na Truth Social, falando que “todos temos uma dívida de gratidão” para com ele.

“Aqueles de nós que tiveram a sorte de servir como presidente compreendem que este é um clube muito exclusivo e só nós nos podemos identificar com a enorme responsabilidade de liderar a Maior Nação da História”, indicou.

“Os desafios que Jimmy enfrentou enquanto presidente surgiram num momento crucial para o nosso país e ele fez tudo o que estava ao seu alcance para melhorar a vida de todos os americanos. Por isso, todos temos uma dívida de gratidão para com ele”, acrescentou, enviando condolências à família.

O ex-presidente Barack Obama e Michelle Obama também reagiram nas redes sociais. “O presidente Carter ensinou-nos a todos o que significa viver uma vida de graça, dignidade, jusiça e serviço”.

Marcelo recorda “apoio simbólico” à consolidação democrática em Portugal e Montenegro a “referência moral global da democracia e dos direitos humanos”

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recordou o “apoio simbólico” de Carter à consolidação democrática em Portugal, lamentando a sua morte.

Numa nota divulgada na página oficial da Presidência da República, conta que enviou a Joe Biden “uma mensagem de sentidas condolências”.

Nessa mensagem, Marcelo Rebelo de Sousa “destacou os esforços incansáveis de Jimmy Carter na promoção dos direitos humanos e da paz na cena internacional, temas a que dedicou parte significativa da sua vida após a conclusão da sua presidência e nos anos finais da sua vida”.

“Invocou ainda o apoio simbólico de Jimmy Carter, e da sua administração, à consolidação democrática em Portugal”, refere-se.

Na nota, Marcelo afirma ainda que, “nesta hora de pesar”, se junta a “todos os que lembram com admiração a vida de Jimmy Carter e o seu contributo em prol da humanidade”.

Já o primeiro-ministro português, Luís Montenegro, manifestou pesar pela morte de Carter, recordando uma “referência moral global da democracia e dos direitos humanos”.

Numa mensagem publicada na sua conta oficial na rede social X, Luís Montenegro diz ter sido “com pesar que soube da morte do Presidente Jimmy Carter, prémio Nobel da Paz 2002”.

“É e será uma referência moral global da democracia e dos direitos humanos. Apresento condolências à família, ao Presidente dos Estados Unidos da América e ao povo americano”, lê-se na mensagem.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Biblioteca Jimmy Carter