Rui Borges tem protagoniado uma excelente época à frente do Vitória de Guimarães, de tal forma que ao que tudo indica vai substituir João Pereira no comando técnico do Sporting. A SAD leonina prepara-se para pagar os quatro milhões de euros do cláusula de rescisão do contrato com os vimaranenses.
Trata-se de uma prenda de Natal para o treinador de 43 anos, que em seis meses conduziu o Vitória aos oitavos de final da Liga Conferência, prova na qual apenas concedeu dois empates, deixa os vimaranenses no sexto lugar na I Liga e ainda em prova na Taça de Portugal.
Nascido em Mirandela e filho de Manuel Borges, uma glória do Sport Club Mirandela e ex-jogador do Tirsense e Paços de Ferreira, Rui Borges cresceu a jogar futebol no clube das distritais. A mãe só lhe exigia boas notas para o deixar jogar ou acompanhar o pai nos treinos, mas não passou de um aluno razoável.
Não foi por isso que a mãe o impediu de jogar. E, de cada vez que Rui chegava a casa com os joelhos esfolados dizia-lhe: “Quem corre por gosto…” Uma lição de vida que ele já passou ao filho Mário, que joga no Guarda FC.
Foi no clube transmontano que fez amizade com Eduardo (Campeão do Euro2016 e atual treinador de guarda-redes do Sp. Braga). Jogou ainda no Bragança, Paredes, Sp. Braga B, Trofense e Moreirense.
Quando acabou a carreira, queria manter-se ligado ao futebol e tirou o curso de treinador: tem a licença UEFA Pro (Nível IV). Foi também no Mirandela que em 2017 começou a carreira de treinador, como adjunto de Ricardo Chaves, atualmente seu assistente.
Seguiu-se o Académico de Viseu (2017-20) na II Liga e a Académica (2020-22), Nacional (2021-22) e Mafra (2022-23), até chegar à I LIga e ao Moreirense. E depois de na época passada ter igualado a melhor classificação da equipa de Moreira de Cónegos na I Liga (o 6.º lugar de 2018-19) e com um recorde de pontos (55), mudou-se para o Vitória de Guimarães, onde voltou a mostrar qualidade.
António Rocha, conhecido como Rochinha, conhece Rui Borges conhece desde a infância, e assume que vê muito do perfil do rapaz que treinou no Mirandela quando assiste aos jogos do V. Guimarães.
“Nota-se a união no grupo. Ele é isso, humildade e espírito de grupo. Nota-se que ele teve balneário e sabe como lidar com os jogadores. Quando ele diz que conta com todos, conta mesmo, e os jogadores sentem isso, porque ele dá oportunidade a todos”, disse o atual treinador do Murça Sport Clube, lembrando que o conterrâneo já “mostrava interesse em aprender e, como médio, tinha uma leitura de jogo fora do comum”.
Rui Borges, além de ser “um ser humano fora de série”, é um treinador que privilegia o treino da organização defensiva, o rigor tático e a pressão sobre o homem que tem a bola. E, segundo Rochinha, a proximidade com os futebolistas permite-lhe dar “liberdade para se expressarem em campo, mas sem libertinagem. “É exigente e sabe o que quer, como quer, e como o conseguir”, concluiu.
Com os vimaranenses tem contrato até junho de 2026 e, apesar dos muitos sonhos que tinha para alcançar esta época, entre os quais fazer um brilharete na Liga Conferência da UEFA, eis que surge a oportunidade de chegar a um grande do futebol português. O Sporting é o próximo grande desafio de Rui Borges, um objetivo que surge mais cedo do que aquilo que esperava.
Esta quinta-feira será, ao que tudo indica, o primeiro dia do maior desafio da carreira de Rui Borges, que no domingo terá logo um teste de fogo, o dérbi com o Benfica, em Alvalade.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Hugo Delgado / Lusa