Dalila Rodrigues, ministra da Cultura, entrou a matar na audição Parlamentar sobre a exoneração da presidente do Centro Cultural de Belém, esta quarta-feira. Em resposta, ao grupo parlamentar do PS, disse haver um novo ciclo na cultura portuguesa onde não cabem compadrios, lóbis e cunhas.
“Houve um assalto ao CCB inadmissível feito pelo ex-ministro Pedro Adão e Silva, podem fazer cartas abertas, petições, eu própria quando fui exonerada do Museu Nacional de Arte Antiga, em 2007, tive manifestações à porta. E lamento que os trabalhadores do CCB não tenham sido solidários com as duas trabalhadoras dispensadas do CCB para que viesse Aida Tavares (diretora de artes performativas)”, acusou a Ministra da Cultura, Dalila Rodrigues.
“Francisca Carneiro Fernandes claro que é popular, a primeira coisa que fez foi na Festa de Natal anunciar um aumento salarial, que seguramente era merecido, mas era preciso avaliar a situação para não pôr em causa a instituição. Assim é fácil ser popular”, disse Dalila Rodrigues em resposta aos deputados sobre as manifestações contra a saída da ex-presidente.
Filipa Pinto, do grupo parlamentar do Livre corrigiu Dalila Rodrigues e disse que ” não foi um aumento foi uma atualização à taxa de inflação dos salários, que não existia desde 2009″.
As acusações seguem-se com a ministra a afirmar que Elisío Summavielle foi “afastado por não querer nomear Aida Tavares”. A isso acresceu a declaração da “primeira medida de Francisca Carneiro Fernandes, muito urgente e sem nenhum procedimento concursal foi nomear Aida Tavares para ser diretora de artes performativas”.
Filipa Pinto, do Livre perguntou se só deveria existir concurso quando não é o gosto da tutela o nomeado.
Dalila Rodrigues disse que as indemnizações das duas trabalhadoras, afastadas pela chegada de Aida Tavares, custaram “60 mil euros, uma e 12 mil euros, outra” e alertou para a gestão do dinheiro público. O CCB vale por ano 10,5 milhões de euros.
“Princípios de transparência e rigor, com dinheiros e subvenção pública do Estado são necessários” e disse que os 22 mil espectadores que passaram nos dois dias do festival Felicidade ou nos Dias da Música era “gastar em dois dias o equivalente ao comparticipado pelo Estado ao Museu Arpad Vieira da Silva”. E que se opunha aos 500 mil euros gastos em tão pouco tempo.
O PS acusou a Ministra de perseguição pessoal a Francisca Carneiro Fernandes. Já os outros grupos questionaram o currículo de Nuno Vassallo e Silva, nomeado novo presidente do CCB, como alguém do património, ouriversaria e joalharia poderá presidir ao CCB.
E questionaram se “sendo ele uma figura próxima e ex-secretário de Estado do PSD, não é compadrio?”
“Incapacidade de avaliar o currículo” devolveu Dalila Rodrigues e nega o “divórcio com as artes performativas”.
A ministra disse ainda, no seu mandato, ter nomeado “pessoas com distintos perfis, políticos e partidários, valorizando a qualidade. Como o fiz com os dois administradores da Casa da Música: arquiteto André Tavares e o músico Álvaro Teixeira Lopes. Ou com o historiador Diogo Ramada Curto, nas comemorações de Luís de Camões e valorização das bibliotecas”.
Joana Mortágua do BE, disse “estranhar o facto do relatório inspectivo de dezembro de 2023 não mencionar os problemas” que a ministra alega.
Carlos Reis do PSD, disse “o PSD não tem nada contra as artes performativas quem nos dera ter a Marina Abramovic no CCB”. E pergunta o que tem “a esquerda contra as bandas filarmónicas e contra o Marco Paulo'” . E saiu em defesa de Vassallo e Silva “um professor catedrático em Paris, na Fundação Gulbenkian merece mais reconhecimento da nossa parte”.
Dalila Rodrigues disse que às vezes as “exonerações são boas” como foi o caso da retirada de Pedro Sobrado, da Museus e Monumentos de Portugal (MMP) e regresso à administração do Teatro Nacional de São João (TNSJ), no Porto, bem como a entrada de Alexandre Pais no seu lugar. “De repente tenho a MMP e o TNSJ a funcionar bem”.
Fonte e crédito da imagem: Jornal de Notícias / Portugal