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“Marco histórico”. UE chega a consenso político para maior acordo comercial do mundo com Mercosul

A presidente da Comissão Europeia anunciou esta sexta-feira que a União Europeia (UE) e os países do Mercado Comum do Sul (Mercosul) chegaram a acordo político para aquele que será o maior acordo comercial do mundo.

“Hoje assinala-se um marco verdadeiramente histórico e permitam-me que comece por agradecer aos negociadores principais a sua dedicação e o seu empenho [pois] trabalharam incansavelmente durante muitos e muitos anos para conseguir uma unidade ambiciosa e equilibrada”, declarou Ursula von der Leyen.

Falando à imprensa a partir de Montevidéu, no Uruguai, onde se deslocou para uma reunião de líderes da UE e do Mercosul a propósito das negociações sobre esta parceria de comércio e investimento que servirá um mercado de 700 milhões de consumidores, a líder do executivo comunitário vincou que “este acordo não é apenas uma oportunidade económica, é uma necessidade política”.

“Estamos a reforçar esta parceria única como nunca antes e, ao fazê-lo, estamos a enviar uma mensagem clara e poderosa ao mundo: em primeiro lugar, num mundo cada vez mais conflituoso, demonstramos que as democracias podem confiar umas nas outras […] e, em segundo lugar, estamos a enviar uma mensagem também aos nossos cidadãos e às empresas das nossas regiões de que este acordo foi concebido tendo em conta os seus interesses”, sublinhou Von der Leyen, falando em “mais e bons empregos, mais escolhas e melhores preços”.

“A União Europeia e o Mercosul criam uma das maiores parcerias de comércio e investimento que o mundo alguma vez viu. Estamos a derrubar barreiras e a permitir o investimento, estamos a formar um mercado com mais de 700 milhões de consumidores e esta parceria irá reforçar cadeias de valor completas”, adiantou.

Também intervindo na ocasião, o presidente uruguaio, Luis Pou, em representação de todos os países do Mercosul (Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai), salientou “a relevância do dia de hoje”.

Na ocasião, estava também o presidente brasileiro, Lula da Silva, de quem Ursula von der Leyen disse esperar “esforços para proteger a Amazónia”.

“A preservação da Amazónia é uma responsabilidade partilhada por toda a humanidade e este acordo garante que os investimentos respeitam e não perseguem o extraordinário e frágil património natural”, adiantou a responsável, discursando junto a Lula da Silva, que não falou à imprensa.

A UE e Mercosul têm mantido contacto regular, o que permitiu hoje concluir as negociações políticas nomeadamente em questões como os compromissos ambientais, após um primeiro aval em 2019, que não teve seguimento.

O acordo UE-Mercosul abrange os 27 Estados-membros da UE mais Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, o equivalente a 25% da economia global e 780 milhões de pessoas, quase 10% da população mundial.

Na UE, França tem vindo a liderar a oposição a esta parceria com o Mercosul por questões de biodiversidade e clima e também receios comerciais, com estes últimos a serem partilhados por outros países europeus.

Numa altura de intensa crise política interna francesa, a UE conseguiu fazer avanços.

O texto do acordo de associação UE-Mercosul foi finalizado em 2019, após 20 anos de negociações, mas o bloco comunitário tem vindo a pedir mais garantias por parte dos países latino-americanos, de que respeitarão o Acordo de Paris e a legislação laboral internacional.

Após o acordo político de hoje, o documento será agora verificado e traduzido, para depois a Comissão Europeia, que detém a competência para negociar a política comercial da UE, apresentar uma proposta ao Conselho e ao Parlamento para assinatura e conclusão.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Sofía Torres / EFE