Comemora-se no dia 20 de dezembro o 25.º aniversário de Macau como Região Administrativa Especial da China, sendo justificado este sucinto balanço do percurso realizado.
Pode-se começar por recordar que a década de 90 do século passado foi de muito intensa atividade, com vista a preparar o território e a população para os desafios da transição, tendo a passagem do exercício da soberania sido realizada com reconhecido sucesso, em conformidade com os parâmetros acordados entre Portugal e a República Popular da China em 1987 e registados na Declaração Conjunta Luso-Chinesa.
Alguns anos após a transição, por estarem garantidas as condições para alterar a forma de funcionamento e gestão das operações dos jogos de fortuna ou azar, que constituíam, e serão sempre, a principal receita do território, o Governo da RAEM apostou na abertura e num outro modelo, envolvendo novos intervenientes, que começaram a investir fortemente no desenvolvimento das estruturas de apoio ao turismo, fazendo com que a China reconhecesse oficialmente o território como um “centro mundial de turismo e lazer”.
O território cresceu muito, física e financeiramente. E as exigências da população no que respeita à qualidade de vida também. Nas últimas décadas da Administração Portuguesa, Macau já não era aquele território pacato e quase adormecido, com hábitos e tradições ancestrais preservados, sem grandes aspirações para as gerações mais novas. Grandes transformações já estavam em curso. Elas multiplicaram-se, entretanto, e o movimento de fronteiras e trânsito citadino tornaram-se frenéticos.
Felizmente, a defesa e valorização do património arquitetónico e cultural continuaram a merecer das autoridades a maior atenção. E a classificação do centro histórico da cidade, pela UNESCO, como Património da Humanidade, trouxe renovadas garantias de conservação. Esta é uma área que merece o reconhecimento da população, mesmo sabendo que é visível a descaracterização de zonas envolventes que podiam ter obedecido a critérios urbanísticos mais exigentes.
A integração tem sido rápida. O delta do Rio das Pérolas, onde Macau se insere, foi durante algumas décadas uma das zonas de maior desenvolvimento físico em todo o mundo, dando lugar recentemente ao desenvolvimento do Projeto da Grande Baía de Guangdong – Hong Kong – Macau, uma “megalópole” em acelerada construção, unindo as áreas de nove cidades do delta e as duas Regiões Administrativas Especiais (Hong Kong e Macau).
Com cerca de 35.000km2, terá uma população de quase 80 milhões. É um desafio impressionante para um pequeno território, com uma singularidade própria que se pretende salvaguardar.
A Universidade de Macau, a principal universidade do território, transferiu para lá o seu novo campus, de enorme dimensão. É nessa “zona de cooperação aprofundada” que vão ser concretizados diversos novos projetos de Macau, prevendo-se que passem a viver lá pelo menos cerca de 120 mil residentes de Macau.
Plataforma de cooperação
Sempre encarámos a missão especial atribuída à RAEM, de se assumir como Plataforma de Cooperação entre a China e os Países de Língua Portuguesa, como um reconhecimento útil da vocação histórica do território como entreposto comercial e cultural entre o Oriente e o Ocidente, entre a China e a Europa e entre a China e o mundo lusófono.
Esta missão deu a Macau uma renovada responsabilidade, que compete às autoridades saber abraçar, estreitando os laços de cooperação com os países e os povos de língua portuguesa, bem como com as suas instituições académicas, culturais, comerciais e outras.
A última reunião ninisterial do Fórum para a Cooperação, que teve lugar em Macau, em abril do corrente ano, a que pude assistir como convidado, estimulou uma reenquadrada dinâmica no desenvolvimento da cooperação após os adiamentos impostos pela pandemia.
Essa cooperação, que inicialmente tinha propósitos quase exclusivamente económicos e comerciais, foi rapidamente abarcando outras áreas, tão diversificadas como a Educação e a formação de quadros, a cultura, o desporto, a juventude, a Administração Pública e a Saúde.
Macau pode beneficiar amplamente das linhas de cooperação estabelecidas e elas podem contribuir para acentuar a singularidade de Macau.
Com o desenvolvimento do Ensino Superior, Macau pode assumir-se também, no contexto da Grande Baía, como um espaço privilegiado de formação avançada, pois tem seis universidades, com diversos centros de estudos e investigação académica, além de variados institutos de formação técnica especializada, de nível médio e superior.”
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito das imagens: Macao Daily News