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Escolas, hospitais, transportes e recolha do lixo. Greve da administração pública pode parar grande parte dos setores

Primeiro a recolha do lixo, depois os transportes, escolas e jardins de infância, hospitais e centros de saúde. A greve convocada para esta sexta-feira está a afetar o normal funcionamento de muitos serviços públicos como confirmou a Rádio Observador que esteve na rua desde cedo em Lisboa e no Porto.

A Frente Comum estima que durante a noite tenha havido uma adesão superior a 80%. Para o seu coordenador, houve um “extraordinário arranque da greve” durante a noite. Houve “perturbações por todo o país em relação à recolha de resíduos sólidos e também a serem assegurados apenas os serviços mínimos nos hospitais, disse Sebastião Santana, num balanço das primeiras horas de greve na manhã desta sexta-feira no Hospital de São José. A Rádio Observador esteve lá e relatou que, pelo menos, as consultas externas e análises ao sangue estavam de porta fechada.

Já em relação aos efeitos desta manhã, o coordenador da Frente Comum, dá conta de “muitas escolas fechadas por todo o país, outras escolas com perturbações. A Universidade de Lisboa, por exemplo, tem a cantina e o infantário fechados”.

Também na área da saúde, a greve está a afetar alguns dos serviços do hospital de Faro, nomeadamente as consultas externas, com vários utentes a verem as suas consultas ou exames adiados devido à paralisação. Os balcões de admissão e de informações das consultas externas estão encerrados, sendo que, ao início da manhã desta sexta-feira, vários utentes estavam a tentar obter esclarecimentos sobre as suas marcações, sem sucesso, enquanto outros faziam ‘check in’ nos balcões digitais.

Em declarações à Lusa, o dirigente regional do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP), adiantou que a greve no Algarve está a ter uma “adesão excelente”, que anda na média dos 70% nos cuidados de saúde hospitalares e dos 60% nos cuidados de saúde primários.

De acordo com Nuno Manjua, a greve da Função Pública, que coincidiu com o segundo dia de greve dos enfermeiros, tem causado, sobretudo, ao nível da enfermagem, constrangimentos nos serviços de internamento, urgências, Unidades de Cuidados Intensivos e blocos operatórios.

A dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses, Isabel Barbosa, prevê uma adesão superior a 70%, segundo deu conta a Rádio Observador.

No distrito do Porto mais de uma dezena de escolas estão encerradas esta segunda-feira, a maior parte, por falta de assistentes operacionais. Sem dados concretos sobre a adesão à paralisação, Francisco Gonçalves, dirigente do Sindicato dos Professores do Norte (SPN) e da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), explicou aos jornalistas que o que se sabia, cerca das 08h30, era de muitas escolas encerradas, admitindo que “nessas tem mais a ver com a adesão do pessoal não docente, de setores chave”. O sindicalista falou junto à Escola Secundária Fontes Pereira de Melo, no Porto, que também encerrou.

Lurdes Ribeiro, dirigente do STFPSN, disse que “há escolas encerradas desde a Póvoa de Varzim até ao Marco de Canavezes”, citando como exemplo, entre outras, as escolas do Cerco, Filipa Vilhena e Aurélia de Sousa, no Porto, e os agrupamentos escolares Costa Matos e Canelas, em Vila Nova de Gaia.

Muitas escolas da zona sul do país, estão encerradas, como é o caso em Sines e em Faro, disse Ana Simões, do Sindicato de Professores da Zona Sul, à SIC Notícias.

“Ainda é muito cedo, mas sabemos que há várias escolas de vários agrupamentos inteiros, encerradas no dia de hoje. Em Sines, Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa e João de Deus [ambos em Faro], são agrupamentos grandes, com muitas escolas, e que estão encerrados”, apontou.

No mesmo sentido seguiu Mário Nogueira, na manhã desta sexta-feira: o secretário-geral da Fenprof  acredita que a maioria das escolas no país irá estar fechada devido à greve nacional, em particular as escolas do 2.º, 3.º ciclo e ensino secundário”, disse à agência Lusa.

O sindicalista considera que haverá ainda casos de estabelecimentos que procurem reafetar os poucos funcionários disponíveis para manter a escola aberta.

É o caso da Escola Secundária Quinta das Flores, em Coimbra, que ficará aberta apenas até às 14h30, e onde o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) se encontrava na manhã desta sexta-feira.

É o caso da Escola Secundária Quinta das Flores, em Coimbra, que ficará aberta apenas até às 14h30, e onde o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof) se encontrava na manhã desta sexta-feira.

“Tirando uma outra escola que abra de manhã, a maioria estará fechada”, asseverou Mário Nogueira, esperando níveis de adesão semelhantes à greve dos professores de 02 de novembro.

Segundo o dirigente sindical, “os motivos são mais do que justos” e a indignação face ao aumento do custo de vida torna-se mais visível.

A expectativa da Frente Comum para esta greve

Na quinta-feira, a Frente Comum esperava “uma grande adesão” à greve da administração pública em curso esta sexta-feira com a intenção de demonstrar o “descontentamento” face às negociações com o Governo sobre os aumentos salariais para 2023. Em declarações à Lusa, o coordenador Sebastião Santana explicava que dois setores — recolha do lixo e hospitais — começariam já a sentir os efeitos da paralisação já na noite de quinta-feira.

Sebastião Santana disse que praticamente todas as 30 estruturas da Frente Comum entregaram pré-avisos de greve para esta sexta-feira, realçando no entanto que “todos os trabalhadores da administração pública, sindicalizados ou não, podem aderir” ao protesto. Entre as estruturas da Frente Comum que emitiram pré-avisos de greve estão a Federação Nacional de Sindicatos dos Trabalhadores da Administração Pública, a Federação Nacional dos Professores (Fenprof), a Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Local (STAL).

Assim sendo, é possível que esta sexta-feira muitos alunos fiquem em casa e os pais também não tenham onde deixar os mais pequenos. “Vai haver com certeza escolas encerradas em todo o país e perturbações nas consultas nos hospitais, afirmou Sebastião Santana, realçando que os pré-avisos de greve são entregues com 10 dias da antecedência para garantir em determinados serviços um menor impacto para a população.

No caso da saúde, os enfermeiros estão em greve, uma decisão que foi igualmente tomada pela Federação Nacional dos Médicos e por sindicatos relativos a técnicos de diagnóstico e terapêutica. Deste modo, consultas e realização de exames podem estar em causa.

A Metro Transportes do Sul e a Infraestruturas de Portugal — ou seja, metro a Sul do Tejo e comboios a nível nacional — são algumas das empresas de transportes afetadas pela paralisação, num dia em que chegar aos compromissos pode ficar mais difícil.

Mas a paralisação desta sexta-feira, garante a Frente Comum, vai afetar também serviços de finanças, segurança social e autarquias, tal como áreas com menor visibilidade por não terem atendimento ao público, como “centros de processamento, serviços centrais ou o centro nacional de pensões”, disse o sindicalista.

A greve acontece a uma semana da votação final global da proposta de Orçamento do Estado para 2023 (OE2023), que prevê aumentos salariais de um mínimo de cerca de 52 euros ou de 2% para a administração pública no próximo ano. “O Governo entrou nas negociações com um aumento de massa salarial em 5,1% e um aumento médio das remunerações de 3,6% e anda dois meses a dizer que negoceia para acabar com os mesmos montantes com que começou, portanto, não resolve problema nenhum“, acusou o líder sindical.

Fonte e crédito da imagem: Jornal e Rádio Observador / Portugal