A renovação da Linha do Vouga vai ficar pronta em 2026. A única via ferroviária em bitola métrica (europeia) do país está sob intervenção para que seja reposta a normal velocidade dos comboios e para aumentar a segurança dos passageiros. As intervenções estão a ser divididas por vários troços ao longo de cerca de 96 quilómetros.
Já renovados estão os percursos Santa Maria da Feira-Oliveira de Azeméis e Sernada do Vouga-Águeda. Em obras desde fevereiro deste ano está o troço central, entre Oliveira de Azeméis e Sernada do Vouga, que não tem serviço de passageiros desde 2013 por conta do elevado estado de degradação.
A empreitada deve ficar pronta até ao primeiro semestre do próximo ano, refere o Ministério das Infraestruturas em resposta aos deputados do Partido Socialista.
Perto de Sernada do Vouga, os incêndios da semana passada afetaram a via ferroviária, alertou o Movimento Cívico pela Linha do Vouga. Após a conclusão das obras, podem ser feitas viagens de ponta a ponta entre Espinho e Aveiro pela Linha do Vouga.
No final do próximo ano ficará pronta a intervenção entre Espinho e Santa Maria da Feira, que depende da escolha da proposta vencedora para que as obras avancem.
Por último, será a vez do percurso Águeda-Aveiro, cujo concurso público foi lançado na semana passada pela Infraestruturas de Portugal (IP). Prevê-se que as obras fiquem prontas ao longo de 2026, refere o gabinete de Miguel Pinto Luz.
Os trabalhos na Linha do Vouga servem, sobretudo, para repor a normalidade do serviço, com a substituição de antigas travessas de madeira por outras com o mesmo material e a colocação de máquinas pesadas para que os comboios passem na via férrea com a maior suavidade possível.
A IP também conta automatizar as cerca de 70 passagens de nível em menos de 100 quilómetros de via férrea, o que significará o fim dos guardas de passagem de nível na região.
Ligação a norte?
O Governo admite que a secção norte da Linha do Vouga, entre Oliveira de Azeméis e Espinho, passe a ter ligação direta com a restante rede ferroviária nacional.
Na resposta ao PS, o gabinete de Pinto Luz refere que “pretende-se estabelecer um entendimento sobre o desenvolvimento [do percurso] de forma concertada com todos os municípios e que vise potenciar a sua ligação ao núcleo central da Área Metropolitana do Porto”.
Esta ligação pode passar pela transformação da bitola métrica em bitola ibérica neste percurso, permitindo uma viagem direta de comboio entre Oliveira de Azeméis e o Porto.
Também está a ser equacionado o regresso do comboio proveniente do Vouga à Estação de Espinho – desde 2005 que os passageiros têm de fazer um percurso a pé de 500 metros entre o apeadeiro de Espinho-Vouga e a estação subterrânea, na Linha do Norte.
A opção, por outro lado, implicaria que a Linha do Vouga passasse a ter duas bitolas, pois o percurso entre Aveiro e Oliveira de Azeméis manteria a via métrica, o que permitiria conjugar o serviço de passageiros com o comboio turístico Vouguinha.
O agora ministro da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida, foi um dos principais defensores da alteração da bitola em debates ocorridos em 2022 e 2023.
A posição foi fortemente contestada pelo Movimento Cívico pela Linha do Vouga, que defende a renovação de toda a linha em bitola métrica e a ampliação das plataformas nas estações e apeadeiros – permitiria comboios maiores e receber mais passageiros.
A resposta ao PS refere-se ainda ao protocolo entre a IP, CP e a Câmara de Águeda para a relocalização dos apeadeiros da Aguieira e de Mourisco do Vouga, além da construção dos apeadeiros de Alagoa e Ninho de Águia.
O município comprometeu-se a construir os acessos e os parques de estacionamento para os apeadeiros. O DN/Dinheiro Vivo tentou saber mais detalhes sobre a execução do protocolo, mas não obteve resposta do presidente da autarquia, Jorge Almeida.
Por perguntar ficou a integração do Sistema Andante no troço norte da Linha do Vouga, que permitiria a um passageiro entrar no comboio em Oliveira de Azeméis e viajar, por exemplo, até à Póvoa de Varzim por 40 euros, com um só passe, em vez de pagar por dois títulos de transporte.
A TIP, que gere o Andante, e a CP não se entendem em relação à instalação dos validadores para que as viagens sejam contabilizadas.
Resta saber se haverá mais novidades sobre a Linha do Vouga até ao final do próximo mês, conforme indicou o presidente da câmara de Santa Maria da Feira, Amadeu Albergaria, no início de setembro.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Maria João Gala / Global Imagens