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Portugal: somos muitos, mais idosos e mais sozinhos

No quadro do Dia Mundial da População, celebrado esta quinta-feira, a base de dados estatísticos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, a Pordata, permite chegar à conclusão que os residentes em Portugal, que nunca foram tantos, estão cada vez mais diferentes daquilo que têm como certo.

“Portugal regista atualmente o maior número de residentes das últimas décadas: 10,6 milhões, ou mais propriamente 10.578,2 milhões. O saldo populacional tem sido sempre positivo nos últimos cinco anos, reflexo de um aumento da imigração”, refere o estudo.

No entanto, o envelhecimento demográfico está cada vez mais presente: “Portugal ultrapassou as três mil pessoas com 100 anos. Incluindo outros escalões etários, Portugal tem mais de 2,5 milhões de pessoas com 65 anos ou mais. De um modo geral, desde 2019, a população idosa tem crescido mais de 2% ao ano”.

Além disso, “Portugal tem mais casais sem filhos, mais famílias monoparentais e mais famílias unipessoais. Estes dados permitem igualmente perceber que os portugueses estão também mais sozinhos: mais de um milhão de pessoas vivem sós e, destas, mais de metade são idosos. Somos o 4º país da UE com maior percentagem de idosos a viver sozinhos no total de pessoas que vivem nesta condição”.

Por outro lado, há mais mulheres que homens e, a partir do grupo etário dos 35 aos 39 anos, as mulheres estão em maioria. Este valor acentua-se quanto maior for a faixa etária: duas em cada três pessoas com mais de 84 anos é mulher.

No nosso país, 47% da população (com 15 anos ou mais) é casada e 35% é solteira. E há quase tantas pessoas viúvas como divorciadas (8,7% e 9,2%, respetivamente).

Os casamentos em que ambos os cônjuges são portugueses são a maioria (80%), embora tenham menor representação que há 10 anos (86%).

Os dados indicam também que os casamentos entre um cônjuge português e outro estrangeiro representam 15% dos casamentos e aumentaram três pontos percentuais desde 2013.

Já os casamentos em que ambos os cônjuges são estrangeiros quase triplicaram.

Apesar de ser o segundo ano consecutivo em que os nascimentos aumentam, “Portugal tem um saldo natural negativo desde 2009, ou seja, morrem mais pessoas do que as que nascem”.

Desde 2019, o saldo populacional (que inclui tanto os nascimentos e mortes, como os emigrantes e imigrantes) tem sido positivo devido à imigração. Os saldos migratórios quase duplicaram nos dois últimos anos.

“Se olharmos do ponto de vista do município, esta realidade ganha ainda mais expressão: 252 municípios têm um saldo populacional positivo, mas só 17 dos 308 apresentam um saldo natural positivo”.

Apesar de a idade média da mãe ao primeiro filho apresentar uma ligeira tendência de decréscimo, “verificou-se uma diminuição dos casais com filhos (-6,7%) e um aumento do número de casais sem filhos – são quase mais 50 mil casais sem filhos do que em 2022.

Já as famílias monoparentais – em que um dos pais vive sozinho com o(s) filho(s), e as famílias unipessoais (compostas por uma só pessoa) tiveram aumentos de 22% e 28%, respetivamente”.

Na esmagadora maioria das famílias monoparentais (87,3%), (aquelas compostas por só um adulto a viver com crianças ou filhos) o adulto é uma mulher. “Este número está 3,5 pontos percentuais acima da média europeia (83,8%). Na Estónia e na Suécia, em cerca de 1/3 das famílias monoparentais, o adulto é homem”.

Na UE, as famílias numerosas (três ou mais filhos) representam 13% das famílias com filhos, o que é o dobro da proporção de Portugal (6%).

“É, aliás, um país de ‘filhos únicos’: apenas 27% das famílias têm crianças e, entre estas, quase 2/3 têm apenas um filho. É o primeiro país da União com maior proporção de agregados domésticos só com um filho, no total das famílias com filhos”.

Em Portugal, mais de um milhão de pessoas vivem sós, e destas mais de metade (55%) são idosos. “Somos o quarto país da UE com maior percentagem de idosos a viver sozinhos no total de pessoas que vivem sós”.

Fonte e crédito da imagem: O Jornal Económico / Portugal