Pesquisar
Close this search box.

Diogo Costa foi o herói num apuramento dramático com lágrimas e final feliz

Foi preciso muito sofrimento num jogo com contornos dramáticos para Portugal apurar-se para os quartos de final do Euro 2024, num jogo onde a seleção só conseguiu ser feliz no fim, após eliminar a Eslovénia no desempate por grandes penalidades (3-0, após 0-0 no prolongamento), numa noite em que Diogo Costa vestiu a pele de herói e travou três remates dos adversários.

Sexta-feira, nos quartos, segue-se a França, numa reedição (de boa memória) da final de 2016. O apuramento, contudo, não pode disfarçar outra exibição pouco eficaz da equipa, num jogo onde sentiu muitas dificuldades para desmontar um adversário teoricamente acessível.

Portugal acabou por ser feliz, num duelo onde Cristiano Ronaldo desperdiçou uma grande penalidade no prolongamento e chorou em campo, e no qual Diogo Costa foi um gigante enorme, travando com o pé esquerdo perto do fim do prolongamento um remate de Sesko e depois dando uma verdadeira lição de como defender grandes penalidades, sustendo todos os remates.

Mas as lágrimas de alegria e os sorrisos dos jogadores portugueses não podem iludir uma atuação que em determinados períodos foi demasiado cinzenta.

Martínez devolveu à equipa os habituais titulares, apostando no mesmo onze que tinha ganho à Turquia, regressando ao esquema de quatro defesas e ao posicionamento tático de 4X3X3. Mas o que à partida parecia ser um jogo que mais tarde ou mais cedo cairia para o lado Portugal, acabou por ser muito mais complicado do que se esperava.

A seleção entrou dominadora, perante uma Eslovénia de bloco baixo que apostava em transições a tentar aproveitar a velocidade de Sesko e Sporar (mas que foi subindo de rendimento). Quase a abrir, Portugal levou por duas vezes perigo às redes de Oblak, no primeiro lance com Leão a chegar atrasado a uma bola, e logo a seguir com um remate de Rúben Dias ao lado após canto. Aos 13’, Bruno Fernandes e Ronaldo não conseguiram dar seguimento a uma assistência de Bernardo Silva.

Como disse Martínez, era um jogo de paciência, que pedia transições rápidas e trocas de bola para abrir espaços. Portugal entrou bem, mas a partir dos 15’ voltou a mostrar lacunas, sobretudo na ligação entre setores. E a Eslovénia começou a ter mais posse de bola e a jogar mais perto da área portuguesa.

A seleção voltou a acordar após a meia hora, quase sempre por jogadas individuais de Rafael Leão, um poço de energia em força e velocidade, a levar tudo atrás e o mais desequilibrador de Portugal, perante um Bruno Fernandes e um Bernardo Silva que não conseguiam pegar no jogo e de um Ronaldo desastrado. Foi num desses lances, após o avançado sofrer falta à entrada da área, que Ronaldo por pouco não abriu o marcador de livre direto (34’).

Nos minutos finais da primeira parte, a Eslovénia fez o primeiro remate enquadrado à baliza por Sesko, para defesa fácil de Diogo Costa, e mesmo antes do apito para o intervalo, após mais um grande lance de Rafael Leão, Palhinha atirou ao poste.

CR7 vilão, Diogo herói

A segunda parte começou praticamente com uma ocasião para Portugal, com Bernardo a rematar por cima após um bom lance individual de Cancelo. E aos 55’, em mais um livre direto de Ronaldo, Oblak negou o golo ao capitão. Portugal teve o seu melhor período, muito devido a boas ações de João Cancelo, que finalmente apareceu no jogo.

A Eslovénia, muito pressionada, começava a recuar, mas mesmo assim ainda pregou um grande susto, num lance de contra-ataque que Sesko não foi capaz de concluir com êxito (62’).

Aos 65’, Martínez mexeu na equipa, lançado Diogo Jota e abdicando de Vitinha. Uma alteração que fez Portugal perder a balança do meio-campo. Os minutos passavam e tornava-se cada vez mais complicado desmontar a boa organização da Eslovénia.

O selecionador voltou a mexer aos 76’, com a entrada de Francisco Conceição e a saída de Leão. Mas as alterações não surtiram efeito. Pelo contrário, e até ao final Portugal, sem soluções, foi incapaz de criar ocasiões e desmontar a teia eslovena. A exceção foi um remate de Ronaldo (89’) que Oblak travou.

O jogo foi para prolongamento e com Portugal a apanhar um susto logo aos 95’, com Verbic a rematar ao lado após um desvio em Rúben Dias, no seguimento de uma perda de bola de Cancelo. O prolongamento voltou a mostrar um Portugal sem soluções.

Jota, num lance individual, aos 103’, ainda conseguiu arrancar uma grande penalidade. Mas Ronaldo, no momento em que não podia falhar, permitiu a defesa de Oblak. O capitão não se conteve e desatou a chorar no relvado, inconsolável com o que tinha acabado de acontecer, apesar do conforto dos colegas.

E se Oblak salvou a Eslovénia, aos 115’ foi a vez de Diogo Costa brilhar. Pepe perdeu uma bola (um dos poucos erros no jogo), Sesko ficou com tudo para fazer o golo, mas o guarda-redes português salvou Portugal, com uma defesa com o pé esquerdo.

O apito final chegou e o jogo teve que ser decidido no desempate por penáltis. E foi a altura do herói Diogo Costa entrar novamente em ação, defendendo três grandes penalidades a remates de Ilicic, Balkovec e Verbic, e de os portugueses Cristiano Ronaldo, Bruno Fernandes e Bernardo Silva não darem hipóteses a Oblak.

Agora, sexta-feira, segue-se a França, nos quartos de final, um adversário que historicamente costuma dar grandes dores de cabeça a Portugal, basta olhar para o historial de confrontos: em 28 jogos, Portugal soma 19 derrotas, três empates e seis vitórias.

Em fases finais de Campeonatos da Europa são quatro os duelos: duas derrotas (meias-finais do Euro 1984 e 2000), um empate (2-2) na fase de grupos no Euro 2020, mas essa grande consolação do triunfo na final que valeu o título em 2016, com o famoso golo de Éder no prolongamento. Um resultado que a França vai querer vingar, mas que a seleção nacional vai fazer de tudo para repetir.

Melhor em campo: Diogo Costa

Diogo Costa teve um jogo para a posteridade. Não foram apenas as três grande penalidades defendidas no desempate por penáltis, que fazem dele o único guarda-redes a conseguir tal feito na história dos Europeus… foi também aquele lance em que emendou um erro de Pepe e salvou Portugal com uma defesa com os pés no prolongamento.

Martínez, Ronaldo e todos os portugueses podem continuar a pensar no título europeu porque Diogo Costa foi um gigante na baliza diante da Eslovénia.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Kirill Kudryavtsev / AFP