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Médicos vão ter de garantir que fármaco prescrito é para diabetes

A prescrição do medicamento com o princípio ativo Semaglutido, indicado para controlar a diabetes tipo 2, mas que está a ser prescrito para a perda de peso, ao ponto de criar ruturas no mercado, vai ser controlada. O ministro da Saúde afirmou, esta segunda-feira de manhã, que “não está preocupado” do ponto de vista clínico porque há alternativas para os doentes, mas que os médicos vão ter de garantir que estão a receitar o fármaco para o tratamento da diabetes.

“Se temos um medicamento que está a ser utilizado de forma desproporcionada sem a indicação adequada temos de introduzir mecanismos de correção”, afirmou Manuel Pizarro, no final da sessão de tomada de posse do novo Conselho de Administração do IPO do Porto.

O ministro adiantou que um desses mecanismos passa por introduzir no processo informático de prescrição a “indicação clara de que se trata de uma prescrição para o tratamento da diabetes mellitus tipo 2 porque é para esse tratamento que o medicamento está indicado”.

Do ponto de vista clínico, Manuel Pizarro disse não estão preocupado porque “existem no mercado alternativas praticamente iguais”. “Não há nenhum risco de descontinuidade do tratamento eficaz dos doentes. Há medicamentos do mesmo grupo terapêutico com graus de eficácia praticamente similares”, afirmou Manuel Pizarro.

O jornal Público noticiou esta segunda-feira que o fármaco Semaglutide, que ficou famoso após a utilização por estrelas de Hollywood para perderem peso, está a ser, também em Portugal, excessivamente prescrito “off label”, ou seja, com um propósito diferente para o qual está indicado.

Em consequência, estão a surgir ruturas no mercado, por todo o mundo, que prejudicam os diabéticos e há um significativo aumento da despesa para os sistemas de saúde. Em Portugal, o medicamento tem uma comparticipação de 90% para a diabetes e o sucesso de vendas já fez disparar a fatura com medicamentos do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Segundo o Público, em poucos meses o medicamento já custou quase 26 milhões de euros ao SNS.

Pelo facto de ser comparticipado, o Semaglutide é uma opção mais interessante para os obesos, uma vez que os poucos medicamentos para redução de peso aprovados em Portugal não são comparticipados, o que frequentemente impede a continuidade dos tratamentos. Alguns chegam a custar quase 250 euros por embalagem, como é o caso do Liraglutido.

Questionado sobre a possibilidade de comparticipar os fármacos para a obesidade, como forma também de libertar o Semaglutide para os diabéticos, Manuel Pizarro não se comprometeu. “Não excluo nem admito. Quando e se for clinicamente indicado abordaremos esse tema”, referiu o ministro, adiantando que será sempre no contexto de um plano integrado, que incluirá a alimentação e o exercício físico.

Fonte: Jornal de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Rodrigo Antunes / Lusa