Carlos Moedas aponta-a como a grande medida para o segundo ano de mandato. O presidente da Câmara de Lisboa apresentou na manhã desta quinta-feira as linhas gerais do plano de saúde “Lisboa 65+”, que vai abranger 130 mil lisboetas com mais de 65 anos, que passarão a ter acesso a teleconsultas e consultas de medicina geral e familiar ao domicílio, gratuitas.
Um leque de serviços que é alargado no caso de beneficiários do Complemento Solidário para Idosos, que terão também acesso gratuito a consultas de optometria e higiene oral, bem como óculos e próteses dentárias. De acordo com os números avançados pela autarquia, este regime mais alargado de benefícios abrangerá um total de 5000 residentes na capital.
Com um investimento previsto de 1,5 milhões de euros/ano (4,5 milhões na totalidade do mandato), a proposta de criação do plano será levada a reunião do executivo camarário na próxima segunda-feira. Sendo aprovada, terá de ir ainda à Assembleia Municipal. Moedas apontou a entrada em vigor da medida – uma das principais promessas eleitorais das últimas autárquicas – para 1 de janeiro de 2023.
Sublinhando que este plano pretende ser “um complemento” ao Serviço Nacional de Saúde (SNS), numa altura em que há “1,5 milhões [de portugueses] que não têm médico de família”, Carlos Moedas garantiu que este não será um processo burocrático, explicando que, para aceder ao plano, os beneficiários terão que dirigir-se a uma farmácia e inscrever-se, após o que terão acesso aos cuidados médicos previstos no plano: “As pessoas só precisam de ir à farmácia, inscrever-se, levar o BI e está feito”.
Depois, através de um contacto telefónico, terão acesso a um médico, para uma teleconsulta ou uma consulta ao domicílio – um serviço contratado pela câmara a privados, segundo avançou o autarca. O plano prevê também a prescrição e entrega gratuita de medicamentos ao domicílio. Em caso de urgência hospitalar, ou para consultas de especialidade, os doentes serão reencaminhados para o Serviço Nacional de Saúde.
Para concretizar o plano apresentado hoje, a câmara de Lisboa firmou – ou está a firmar – protocolos com a Associação Nacional de Farmácias, a Faculdade de Medicina Dentária da Universidade de Lisboa, a Santa Casa da Misericórdia, os Serviços Sociais da câmara, a Segurança Social e a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo.
Para Carlos Moedas, este plano insere-se na prioridade que pretende dar à componente social, em Lisboa. O autarca aponta à criação de um “estado social local” que permita, com “pragmatismo”, suprir as falhas do sistema nacional. “Numa câmara com 1,2 mil milhões de orçamento há escolhas que para mim são claras”, referiu Carlos Moedas, defendendo que esta é uma medida sem paralelo na Europa: “Não encontrei nenhuma capital europeia que tenha um plano desta dimensão”.
Em conferência de imprensa, Moedas disse também que já falou com os restantes partidos do executivo camarário e mostrou-se confiante na aprovação do plano, apesar de “alguns quererem olhar para isto de uma maneira ideológica”.
Fonte: Jornal de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Tiago Petinga / LUSA