Benfica e Sporting têm esta quinta-feira a responsabilidade de manter Portugal no mapa da Europa do futebol, algo que se tornou habitual ao longo deste milénio – apenas em três épocas não houve clubes portugueses a disputar os quartos-de-final de uma das competições da UEFA.
Após a eliminação do FC Porto na Champions, em Londres, frente ao Arsenal, águias e leões tentam evitar o mesmo destino, partindo para os jogos fora com empates: a equipa de Roger Schmidt com um 2-2 diante dos escoceses do Rangers e o conjunto de Rúben Amorim após um 1-1 com os italianos da Atalanta.
Só vitórias interessam às duas equipas de Lisboa, sendo que no caso do Sporting terá de conseguir ganhar pela primeira vez em solo italiano (mas já venceu uma eliminatória ao Nápoles no desempate por penáltis em 1989-90), enquanto o Benfica está obrigado a algo que, em seis deslocações, apenas foi feito em 1960 na caminhada para o primeiro título europeu, quando triunfou por 2-1 no campo do Hearts, logo na primeira eliminatória.
Ao longo das 23 temporadas europeias que se realizaram durante este milénio, a de 2001/02 foi a primeira sem nenhum clube português nos quartos-de-final, pois FC Porto e Boavista foram eliminados na segunda fase de grupos da Liga dos Campeões, que correspondia aos oitavos, enquanto o Sporting caiu nos 16 avos-de-final da Taça UEFA com o AC Milan.
Foi preciso esperar quinze épocas para voltar a registar-se um cenário idêntico – em 2016/17 Benfica e FC Porto foram eliminados nos oitavos da Champions, e o Sp. Braga não passou da fase de grupos da Liga Europa.
A pior temporada foi, no entanto, a de 2019/20, quando Portugal não teve nenhuma equipa nos oitavos-de-final, pois o Benfica desceu da Liga dos Campeões para a Liga Europa, onde caiu nos 16 avos-de-final (frente ao Shakhtar), tal como FC Porto (Bayer Leverkusen), Sp. Braga (Rangers) e Sporting (Basaksehir).
O Benfica é a equipa que mais vezes marcou presença nos quartos-de-final (11, ver quadro), das quais ultrapassou três. O FC Porto somou nove e também seguiu em frente em três, enquanto o Sporting esteve cinco vezes nesta fase e apurou-se só uma, tal como o Sp. Braga e Boavista, que estiveram por três e uma vez, respetivamente, nos quartos.
Este milénio tem sido bastante produtivo para as equipas portuguesas que já estiveram em cinco finais. Uma delas, da Liga Europa 2010/11, foi 100% nacional e opôs o Sp. Braga ao FC Porto, que conquistou a Liga Europa.
Além desse troféu, os dragões venceram mais duas competições europeias neste milénio: a Taça UEFA 2002/03 e a Liga dos Campeões 2003/04. De resto, o Benfica participou em duas finais, o Sporting numa e os bracarenses na tal com os portistas, em Dublin.
Schmidt acredita num “jogo mais aberto” e quer uma “grande reação” do Benfica
Roger Schmidt acredita que o jogo desta quinta-feira à tarde com o Rangers no Ibrox Park, em Glasgow, será “mais aberto” do que a partida da primeira mão em Lisboa até porque se trata de “um jogo em que tudo tem de ficar decidido”.
Nesse sentido, o treinador alemão lembra a capacidade da sua equipa para “criar oportunidades” no jogo da Luz e mostra-se esperançado que desta vez o Benfica seja mais eficaz e para isso deixa a receita: “Temos de trabalhar muito bem como equipa, tanto defensivamente como ofensivamente.”
O treinador dos encarnados nunca viveu o ambiente fervoroso do Ibrox, mas garante ter recebido informações de que “é uma grande motivação para o Rangers”, mas também para a sua equipa, que está “preparada” e vai “dar tudo para conseguir o apuramento”. Nem que para isso seja preciso decidir tudo nos penáltis: “Queremos ganhar, não importa como. Se tivermos de ir a prolongamento ou a penáltis, estamos preparados. O importante é ganhar.”
Schmidt diz que a sua equipa tem consciência de que está a viver “semanas decisivas nas três competições em que está inserida”.
“Sabemos que não podemos perder. Esta segunda mão em Glasgow é decisiva e temos de mostrar que temos capacidade para seguir para os quartos-de-final”, frisou, garantindo que o Benfica irá “tentar dar o melhor em todas as competições” para “ganhar os troféus” a que se propõe. “Temos de estar prontos. Somos uma equipa que não se esconde e tem uma ideia clara para criar situações de golo”, assumiu, acrescentando que espera “uma grande reação” em Glasgow.
Por sua vez, o capitão Nico Otamendi admitiu que uma vitória frente ao Rangers “irá marcar a temporada” e dará “mais força para enfrentar as competições” que o Benfica tem pela frente. O defesa argentino garante que a equipa “não terá medo de nada” quando questionado sobre o ambiente nas bancadas do Ibrox. “É sempre bom este ambiente. Vai ser um jogo muito bom, no qual temos de ter personalidade e fazer aquilo que treinámos durante a semana para conseguir o apuramento”, sublinhou.
Philippe Clément, treinador do Rangers, assumiu que será necessário “jogar acima do nível” habitual da equipa para conseguir o apuramento. “Faremos tudo para o conseguir e o apoio dos nossos adeptos vai dar-nos um pequeno extra”, assumiu o treinador belga.
Amorim deixa promessa: “Vamos deixar toda a gente nervosa naquele estádio”
Apesar do empate (1-1) em Alvalade na primeira mão, Rúben Amorim está confiante de que o Sporting vai conseguir vencer esta quinta-feira fora a Atalanta e seguir para os quartos de final da Liga Europa, apesar de considerar “o adversário muito forte”.
“Já mostrámos este ano que já matámos alguns borregos, relembramos a exibição que tivemos com a Juventus. Quem joga nestes campos está sempre mais perto de vencer. Acho que o facto de nunca se ter vencido ou não num sítio acaba sempre por cair, acredito sempre que é desta vez. É o que vamos tentar fazer”, disse na projeção à Sporting TV, desvalorizando o facto de os leões nunca terem ganho um jogo em Itália.
Amorim lembrou, contudo, que o sentimento é o mesmo para as duas equipas.”Em casa sentimos que temos de ganhar qualquer jogo, seja contra o Manchester City seja contra qualquer outro. Eles sentem o mesmo. Vamos fazer o nosso jogo e vamos deixar toda a gente nervosa naquele estádio. Estamos cada vez mais preparados. Se estivermos inspirados conseguimos ganhar o jogo”, insistiu.
Amorim disse esperar “uma Atalanta muito forte, com jogadores muito fortes fisicamente, um jogo de duelos, muito homem a homem”: “Temos de estar preparados e bem fisicamente. Sinto que a equipa está preparada, sabendo que é decisivo. Não há golos fora ou em casa, a Atalanta terá de nos ganhar e nós à Atalanta, é isso que vamos tentar fazer.”
Além do guarda-redes Adán, o Sporting não pode também contar com Morita na partida desta noite. O médio japonês chegou a seguir com a equipa no autocarro rumo ao aeroporto, mas não embarcou.
“Fizemos uma avaliação, ele disse que se sentia pior, e não quisemos arriscar. Íamos andar todos juntos de avião… Parece uma gripe, não sei bem. Para não arriscar a saúde do Morita e de toda a gente, foi essa a razão”, explicou o técnico leonino na conferência de imprensa.
Gian Piero Gasperini, treinador da Atalanta, garantiu que a sua equipa “está muito motivada”, mas admitiu que “será uma partida muito difícil, contra um adversário de valor”.
O técnico italiano deixou ainda rasgados elogios ao avançado leonino Viktor Gyökeres: “É um jogador muito bom, está a fazer uma época muito positiva em todos os aspetos e acho que tem características para jogar em Itália ou qualquer outro país.”
Glasgow Rangers x Benfica Horário: 17h45 (horário Lisboa); 14h45 (Horário Brasília) Transmissão: Star + (Brasil)
Atalanta x Sporting Horário: 20h (horário Lisboa); às 17h (horário Brasília) Transmissão: Star Puls (streaming) (Brasil)
Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal