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10 destinos brasileiros para descobrir

Praia, sol, caipirinha, samba. São algumas das primeiras palavras que as pessoas recordam quando pensam no Brasil como um destino turístico. O país com mais de 5,5 mil municípios vai além dos destinos óbvios – que também merecem estar no roteiro.

O DN conversou com Marcelo Freixo, presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur) e com Mário Sabino, ministro do Turismo sobre o assunto e as relações com Portugal.

As autoridades brasileiras do setor estiveram em Lisboa recentemente para promover o país como destino turístico na Europa, tendo Portugal como “porta” emissora de turistas de todo o continente. “Muitos dos turistas de vários países europeus chegam por Portugal, principalmente nos voos da TAP, então Portugal tem um papel muito importante, afetivo e estratégico”, diz Freixo.

Em 2023, o país foi o segundo maior emissor de viajantes da Europa, com 182 mil visitantes, atrás apenas da França. A previsão deste ano é que viagem ao Brasil pelo menos 200 mil turistas que partam de aeroportos portugueses.

Segundo o presidente, o Brasil teve 350 mil visitantes de Portugal por ano em 2004, o número mais alto de sempre. “Estamos ainda longe deste patamar, mas estamos num processo de recuperação ano a ano muito significativa”, explica.

Gastronomia, cultura e natureza

Marcelo Freixo destaca que “a maior riqueza do Brasil é a diversidade”, algo que coloca o país em posição de destaque em relação a outros destinos turísticos. “A gente disputa sol e praia com outros mercados, algo que o mundo oferece, tem muito lugar com sol e praia, no Brasil temos mais que isso”, argumenta.

O presidente elenca, por exemplo, a natureza, gastronomia e cultura, que são muito diferentes em cada região do país, ou mesmo dentro dos estados. “Esses três elementos, ao meu ver, são muito importantes”, complementa.

Celso Sabino, ministro do turismo, concorda com a afirmação. “Temos um povo extremamente acolhedor, talvez o mais hospitaleiro do mundo, uma cultura muito rica e culinária extraordinária”, ressalta.

O ministro, nascido em Belém do Pará, cita os peixes da Amazónia com ervas como jambu e tucupi e os frutos do mar do Nordeste como destaques da gastronomia brasileira.

Freixo, natural do Rio de Janeiro, elenca também a culinária da Amazónia, como a tacacá, de origem indígena. Trata-se de um caldo da planta tucupi, com goma de mandioca e camarão seco, temperado com muitas pimentas.

Outro destaque do presidente é o feijão tropeiro, preparado com enchidos fumados, farinha de mandioca, ovos e picante. O prato surgiu no período colonial e era a base da alimentação dos condutores de tropas de cavalos que transportavam produtos. “Nossa gastronomia remete e conta a cultura e a história de cada lugar. Eu acho que a gastronomia apresenta um lugar”, acrescenta.

10 destinos

Marcelo e Celso não deixam de recomendar uma visita a Copacabana, Barra da Tijuca ou o Cristo Redentor, cenários tão conhecidos dos portugueses por causa das novelas que fazem sucesso no país. “Não vou dizer não vai no Cristo não, mas quero apresentar coisas além”, explica Freixo. A seguir, confira as 10 dicas de destinos para incluir na próxima lista de viagens e começar a organizar a viagem.

1 – Alter do Chão, Pará

O ministro do turismo define Alter do Chão, no Pará, como “um paraíso na terra”. Os visitantes vão ver uma grande praia de areia branca. A água é doce, morna e sem ondas, abastecida pelos rios Tapajós e Arapiuns. Ao fundo, em vez de coqueiros e palmeiras, típicos deste tipo de paisagem, os visitantes encontram o verde intenso da vegetação amazónica. Lagoas e igarapés (rios dentro da mata) também chamam a atenção.

A vila fica a 35 quilómetros do Aeroporto de Santarém, no Pará. Para um roteiro ainda mais imersivo, é possível ir de barco, em uma viagem com duração de três dias.

2 – Festival de Parintins, Amazónia

Marcelo Freixo recomenda conhecer a Ilha de Parintins, sede do festival de mesmo nome. Ele considera ser “uma das maiores manifestações culturais do planeta, que mistura ópera, Maracanã e Sapucaí”, ou seja, um misto de música, futebol e carnaval – tudo isso em um grande desfile rodeado pela floresta amazónica.

A festa folclórica incorpora elementos de rituais indígenas, apresentações teatrais e composições musicais. Disputam duas agremiações culturais, o Boi Garantido, de cor vermelha, e o Boi Caprichoso, de azul. A celebração ocorre tradicionalmente no final de junho. Para chegar a Parintins é possível ir de barco de avião a partir de Belém do Pará ou Manaus, capital do Amazonas.

3 – Foz do Iguaçu, Paraná

Do Norte diretamente ao Sul do Brasil, Foz do Iguaçu fica na fronteira com a Argentina e o Paraguai, a chamada Tríplice Fronteira. O principal cartão postal são as Cataratas do Iguaçu, o maior conjunto de quedas d’água do mundo, com cerca de 275. A mais famosa delas é a Garganta do Diabo, um turbilhão de água que despenca a 80 metros de altura.

As cachoeiras ficam dentro do Parque Nacional do Iguaçu, lar de centenas de espécies de animais e plantas, muitos protegidos por estarem em risco de extinção, como a onça-pintada. A cidade possui um aeroporto com voos diretos que partem das principais capitais brasileiras, como São Paulo e Rio de Janeiro.

4 – Outro Rio de Janeiro, o samba raiz

Além de todos os pontos turísticos conhecidos mundialmente, Freixo indica um “outro Rio de Janeiro”: os subúrbios na zona Norte, no lado oposto dos cenários de muitas novelas. Os bairros são Madureira e Oswaldo Cruz, sede de duas grandes escolas de samba que brilham na Sapucaí, a Portela e a Império Serrano.

Em breve, a região sediará uma “rota do samba”, com transporte da famosa Central do Brasil, que carrega trabalhadores para o Centro todos os dias. O comboio fará o caminho inverso, levando turistas do Centro para os bairros que preservam a história do samba, com visitas à casa de grandes compositores.
Todos os dias partem voos diretos de Portugal ao Rio de Janeiro.

5 – Turismo histórico e de natureza em Salvador

A capital da Bahia é sinónimo de praia, especialmente a Baía de Todos os Santos e o Pelourinho. A dica é de quem conhece ao detalhe: assistir à missa na Igreja Rosário dos Pretos, no centro histórico. A celebração mistura elementos do catolicismo e candomblé. “Para mim, é uma das coisas mais bonitas do mundo”.

Mas não só. Perto de Salvador existem cachoeiras, natureza e a área dos quilombolas, com 18 quilombos preservados. A base do turismo é comunitária, a fugir da lógica do turismo massivo, com a venda de artesanato, venda de ostras e vivência de uma experiência imersiva.
De Lisboa partem voos diários com destino à Salvador.

6 – Maragogi, Alagoas

Aos fãs de praia, o ministro do Turismo indica a cidade de Maragogi, no litoral do estado de Alagoas, no Nordeste brasileiro. A água é azul esverdeada e no relevo estão muitas piscinas naturais e a paisagem é clássica, com coqueiros e vegetação baixa.

Por isso, a região é conhecida como “Caribe brasileiro”. Além de aproveitar a água, os visitantes apreciam o passeio de buggy pelas vastas areias. Maragogi fica a 130 quilómetros de Recife, capital da vizinha Pernambuco.

7 – Chapadas em diversos estados

Grutas, cavernas, poços, trilhas e paisagens do alto são a marca das chapadas, áreas de desfiladeiros espalhadas por diversos estados brasileiros. Segundo o presidente da Embratur, as rotas estão cada vez mais populares dentro do país, mas ainda são desconhecidas dos turistas de fora e podem ser uma grande aposta aos amantes de turismo de aventura.

Existem chapadas, por exemplo, nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Maranhão e Ceará e São Paulo, cada uma com suas particulares. Em comum, têm o facto de apresentarem vistas que perdem-se no horizonte.

8 – João Pessoa, Paraíba

Celso Sabino destaca uma das suas cidades preferidas no Nordeste. É uma das capitais mais antigas da região e preserva prédios históricos, além de privilegiar, à beira da praia, edifícios baixos, para que os visitantes não deixem de apreciar o mar azul esverdeado. Piscinas naturais cristalinas, muita água de coco e frutos do mar são imperdíveis na cidade.

Outra curiosidade é que em João Pessoa o sol nasce primeiro no continente americano. Ou seja, o sol nasce para todos, mas nascerá antes para quem estiver por lá.
De Lisboa, o aeroporto mais perto com voos diretos é Recife, a apenas 115 quilómetros de distância.

9 – Pantanal, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul

Um paraíso da fauna e da flora, com mais de 200 espécies de peixes, 650 aves, 80 mamíferos e dezenas de répteis, todos em lençóis de água doce abundantes.

O Pantanal divide-se em duas zonas, nos estados vizinhos de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. De acordo com Marcelo Freixo, é um destino especial para quem preza pela sustentabilidade, por ser uma referência no ecoturismo brasileiro, sendo possível chegar a regiões remotas de barco ou mono-motor para estar perto dos animais.

Passeios a cavalo, trilhas, mergulho nos rios e cachoeiras são alguns dos destaques da ampla região, que cobre 195 mil km2.

A capital mais próxima com voos diretos de Portugal é Brasília, a cerca de 900 quilómetros de distância ou sete horas de viagem de carro.

10 – São Miguel do Gostoso, Rio Grande do Norte

O nome tem piada e também é uma dica do ministro do turismo. A cidade de São Miguel do Gostoso fica em uma espécie de esquina do continente e repleta de curiosidades. É lá que fica a Praia do Marco, considerada histórica, por ter sido o sítio onde três embarcações portuguesas chegaram em 1501.

É também em São Miguel do Gostoso que inicia a BR 101, com mais de 4 mil quilómetros de extensão, que corta o Brasil de Norte a Sul. A pequena vila de pescadores ainda sedia o Farol do Calcanhar, o segundo maior farol da América do Sul, com 65 metros de altura.

O destaque da cidade são as praias para prática de esportes aquáticos, principalmente o kitesurf e windsurf, pelas condições ventosas.

Para chegar à vila, é necessário percorrer cerca de 100 quilómetros da capital Natal, um dos destinos de voos diretos de Portugal.

Fonte e crédito da imagem: Diário de Notícias / Portugal