As amortizações antecipadas de crédito à habitação quase duplicaram em 2023, passando de 5,5 mil milhões de euros, em 2022, para 10,1 mil milhões de euros. Os dados foram divulgados esta quinta-feira pelo Banco de Portugal.
“As amortizações antecipadas totais (que incluem os contratos finalizados por amortização da dívida do devedor, consolidação de crédito num novo contrato e as transferências de crédito para outra instituição) representaram 83% das amortizações antecipadas em 2023”, detalha o regulador.
Este aumento observa-se depois de o Governo ter permitido, em 2023, a amortização antecipadas dos créditos à habitação sem que haja penalização, uma medida que foi prolongada este ano.
Esta quinta-feira, o Banco de Portugal revela ainda que as novas operações de empréstimos aos particulares totalizaram 29,2 mil milhões de euros em 2023, mais 21% do que em 2022. Já os montantes reduziram-se 10% em 2023, para 19,9 mil milhões de euros.
“Esta redução observou-se em todas as finalidades: na habitação (-12%, para 12,8 mil milhões de euros), no consumo (-4%, para 5,1 mil milhões de euros) e nos outros fins (-13%, para 1,9 mil milhões de euros)”, indica.
Renegociações de crédito disparam
Por outro lado, as renegociações de crédito aumentaram de dois mil milhões de euros em 2022 para 9,3 mil milhões de euros em 2023, sendo que esta “evolução é quase totalmente explicada pelas renegociações de crédito à habitação, que, em 2023, atingiram 8,8 mil milhões de euros, valor cinco vezes superior ao registado em 2022 (1,6 mil milhões de euros)”.
A taxa de juro média das novas operações de crédito à habitação passou de 3,24% em dezembro de 2022 para um máximo de 4,27% em setembro de 2023, terminando o ano nos 4,12%. Esta taxa manteve-se superior à da média da área do euro.
Nos empréstimos ao consumo, a taxa média de novas operações, que tinha sido de 7,97% em dezembro de 2022, atingiu o valor máximo do ano em outubro de 2023 (9,18%) e fixou-se nos 9,07% em dezembro.
No caso das empresas, o montante de novas operações de empréstimos concedidos alcançou os 22 mil milhões de euros, próximo do valor registado em 2022. Enquanto os novos contratos representam 84% deste valor, as renegociações representam 16%, apesar de terem crescido 53%.
Já a taxa de juro média das novas operações subiu de 4,54% para 5,77%.
O regulador refere também que, em 2023, houve um aumento das novas operações de crédito à habitação com taxa mista (isto é, empréstimos com taxa de juro fixa num período inicial do contrato, seguido de um período em que a taxa de juro é variável), que passaram de 16% do montante de novas operações em dezembro de 2022 para 71% em dezembro de 2023.
Aumento recorde nos juros dos depósitos
Esta quinta-feira, o regulador revela ainda que Portugal registou o segundo maior aumento das taxas de juro médias dos novos depósitos a prazo de particulares do conjunto dos países da área do euro, ficando apenas atrás da Letónia.
“Com este aumento, Portugal passou da segunda posição mais baixa em dezembro de 2022, para a 13.ª posição em dezembro de 2023, ainda assim, abaixo da taxa média observada para este conjunto de países (3,29%)”, refere.
A taxa de juro média dos novos depósitos a prazo de particulares aumentou 2,73 pontos percentuais entre dezembro de 2022 e dezembro de 2023, de 0,35% para 3,08%.
“Este é o maior aumento anual observado desde o início da série, em 2003. O montante de novas operações de depósitos a prazo de particulares totalizou 94 mil milhões de euros em 2023, quase o dobro do registado em 2022 (49,4 mil milhões de euros)”, diz o Banco de Portugal, com o maior aumento da remuneração média a observar-se para os novos depósitos com prazo até um ano: de 0,30% em dezembro de 2022 para 3,10% em dezembro de 2023.
Nas empresas, a remuneração média passou de 0,97% em dezembro de 2022 para 3,46% em dezembro de 2023.
Fonte e crédito da imagem: O Jornal Económico / Portugal