O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que “a democracia está viva”, embora não seja “perfeita nem acabada”, e defendeu que esta tem de ser “mais livre, mais igual, mais justa, mais solidária”.
O chefe de Estado discursava na sessão solene comemorativa do 114.º aniversário da Implantação da República, este sábado, em cerimónia a que assistiram apenas convidados, fechada ao público, que não podia aceder à Praça do Município, em Lisboa.
No início da sua intervenção, o chefe de Estado afirmou que “o 5 de Outubro está vivo, porque a República está viva, a democracia está viva em Portugal”, acrescentando mais à frente que “não é perfeita nem acabada, longe disso”.
“A mais imperfeita democracia é muito melhor do que a mais tentadora ditadura. Por isso, vale a pena aqui virmos todos os anos, até para dizermos que queremos que a nossa República democrática seja mais livre, mais igual, mais justa, mais solidária, para o bem de Portugal, que é o que nos une, agora e sempre”, defendeu, no fim do seu discurso.
Marcelo Rebelo de Sousa destacou a pobreza e a corrupção entre os problemas que persistem “em 50 anos de Abril” e que exigem mudanças.
“República e democracia estão vivas, mas sabem que têm de mudar, e muito: nos dois milhões de pobres e mais os em risco de pobreza, nas desigualdades entre pessoas e territórios, no combate à corrupção, o envelhecimento coletivo, e também de tantos sistemas sociais, na insuficiência do saber, da inovação, do crescimento”, elencou.
Ao longo seu discurso, de cerca de sete minutos e meio, o chefe de Estado falou dos confrontos, desafios e crises a que resistiram a República, ao longo de 114 anos, e a democracia em Portugal, nos últimos 50 anos, incluindo, mais recentemente, “à pandemia e a guerras como a da Ucrânia ou do Médio Oriente”.
“A República e a democracia assistiram a partidos e forças sociais subirem e descerem, ao surgimento de outras, década após década, e, às vezes, à adaptação das originárias”, mencionou.
No fim, o Presidente da República apontou “as razões essenciais” para estarem vivas: “Viver com liberdade é muito melhor do que viver com repressão. Pluralismo é muito melhor do que verdade única. Tolerância e universalismo é muito melhor do que aversão ao diferente e fechamento. A mais imperfeita democracia é muito melhor do que a mais tentadora ditadura”.
As negociações em curso sobre o Orçamento do Estado para 2025 ficaram de fora do discurso do chefe de Estado.
Fonte: Diário de Notícias / Portugal
Crédito da imagem: Gerardo Santos