O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu uma Europa “poderosa” em termos “políticos” perante as negociações sobre um acordo de paz na Ucrânia proposto pelos Estados Unidos e as tensões do país com a Venezuela.
O chefe de Estado mostrou-se “preocupado” com os portugueses a viverem na Venezuela, numa situação que já levou ao cancelamento de dois voos da TAP para Caracas, este sábado e nesta terça-feira.
“A Europa, que é poderosíssima em termos económicos, tem de ser uma potência política internacional. Às vezes tem-se a sensação de que as outras potências não veem a Europa assim nem a tratam assim. Quem quer ter poder e quem quer ser respeitado tem de criar condições para ser respeitado. Mas ao mesmo tempo tem de ser diplomática e dura”, afirmou Marcelo, pedindo uma “Europa mais firme”.
À margem da entrega dos Prémios Manuel António da Mota, este domingo, Marcelo defendeu também que a Europa deve “antecipar os acontecimentos” e que, se não atuar como tal”, outros “deixam de tratar [a Europa] como potência”.
Questionado sobre uma ligação entre o acordo de paz proposto pelos Estados Unidos para a Ucrânia e a tensão com Venezuela estão relacionados, Marcelo afirmou que “pode ser coincidência”.
“Que há uma coincidência no tempo, há. Agora se há uma coincidência no facto de avançarem linhas de atuação que envolvem os mesmos em dois pontos diferentes no globo, pode acontecer”, respondeu.
O Presidente da República defendeu que a tensão entre Estados Unidos e Venezuela deve acompanhar-se “com muito cuidado” porque “há várias coisas que são peças do puzzle”. “Há que acompanhar tudo o que está a acontecer atualmente no mundo, para perceber se o que se passa com a Venezuela é pura coincidência ou não”, disse Marcelo Rebelo de Sousa.
Numa altura em que União Europeia, Estados Unidos e Ucrânia estão reunidos em Genebra, na Suíça, para discutir o plano americano de 28 pontos apresentado por Donald Trump, Marcelo defendeu que o mundo não pode ficar “um G3 ou G dois e meio – EUA, China e Federação Russa”.
E acrescentou: “A Europa tem um grande poder de negociação, tem um grande poder diplomático e de negociação, mas perante poderes que estão a jogar o tudo ou nada, que é o caso dos Estados Unidos, com esta ideia de poder intervir em todo o mundo, o caso da Rússia para ganhar uma guerra e da China para tirar proveito do que se passa com os outros. Aí, a União Europeia tem de ainda ser melhor do que tem sido no passado”.
Campanha das Presidenciais está a ser “muito esclarecedora”
Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que a campanha para as Presidenciais está a ser “muito esclarecedora” e que ninguém ficará com dúvidas sobre o que cada candidatura significa.
“O Presidente da República é a última pessoa que pode e deve pronunciar sobre o seu sucessor, mas o que posso dizer é que com a diversidade dos debates e as entrevistas em todos os canais a todos os candidatos, ninguém vai ficar com duvidas e, ainda por cima, falta imenso tempo” para as eleições, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
O chefe de Estado, que disse que tem assistido a todos os debates, referiu que “o facto de a campanha ter começado muito cedo tem essa grande vantagem”. “Há candidatos que estão em escrutínio, quer dizer, em acompanhamento pelos portugueses, há mais de seis meses e muitos já eram conhecidos antes”, declarou.
“Portanto, isto significa que é muito diferente, por exemplo, de quando eu fui candidato, eu decidi ser candidato em outubro, agora há candidatos que se revelaram desde a primavera. Estamos no fim do ano, isso é muito esclarecedor e os portugueses podem decidir serenamente”, referiu.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou ainda que, agora, as campanhas são diferentes do que eram.
“Antigamente, as campanhas eram feitas nas ruas, mesmo no inverno. Atualmente o poder da comunicação social audiovisual, a televisão em geral e as redes sociais, com os meios mais sofisticados, mudaram completamente a campanha”.
O Presidente da República falava aos jornalistas neste domingo, à margem da entrega dos prémios Manuel António da Mota, na Alfândega do Porto.
Fonte: www.rr.pt
Crédito da imagem: José Coelho / Lusa