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Comboios regionais do Minho com antigas carruagens espanholas

A Linha do Minho vai ter o mesmo conjunto de comboios a partir de setembro. O serviço Regional vai assumir a mesma configuração da oferta Semirregional, com as locomotivas da Série 2600 a rebocar carruagens espanholas Arco de 2.ª classe.

Pelo menos, parte das automotoras da Série 2240 ainda ao serviço do percurso entre Nine e Valença vai para a Linha do Algarve, adianta ao DN/Dinheiro Vivo fonte oficial da CP.

A troca de material circulante vai trazer mais conforto aos passageiros: as carruagens Arco têm sido progressivamente recuperadas nas Oficinas de Guifões, têm um sistema de informação ao passageiro, tomadas de carregamento USB e há configurações que permitem o transporte de até 12 bicicletas, que podem ser um atrativo para quem estiver a fazer o Caminho de Santiago.

A mudança, por outro lado, vai trazer desafios adicionais à CP: como são comboios constituídos por locomotiva e carruagem, vai ser necessário inverter a locomotiva sempre que for necessário trocar o comboio de sentido.

“Na Linha do Minho, já circulam comboios com este tipo de composição há algum tempo, e as manobras de inversão das locomotivas continuarão a ser realizadas, ainda que estejam previstos alguns ajustes a esse nível, aquando da substituição do material circulante. Não obstante, a operação não sofrerá alterações significativas, mantendo-se os procedimentos habituais”, assegura fonte oficial da transportadora.

O serviço Regional implica que os comboios irão parar em todas as estações e apeadeiros, ao contrário do que acontece, por exemplo, no serviço Inter-regional.

Acontece que as plataformas de vários dos apeadeiros têm apenas 80 metros de comprimento: as automotoras da Série 2240, em formação simples, ainda cabiam no local; com locomotiva e carruagem, apenas há espaço para a locomotiva e duas carruagens.

Se for acrescentada, pelo menos, mais uma carruagem, a locomotiva terá de ficar de fora para que seja possível a entrada e saída de passageiros. Avizinha-se trabalho adicional para os maquinistas na frenagem e mais despesas com as peças do comboio.

Há ainda outras estações, como Barroselas, onde apenas os primeiros 80 metros da plataforma estão à altura do comboio; no resto desta estação, praticamente é necessário um escadote para subir ou descer a bordo.

A CP refere que “estão a decorrer conversações” com a Infraestruturas de Portugal (IP) “para se proceder ao aumento das plataformas, de modo a acomodar melhor e até aumentar o comprimento das composições”.

Não há, no entanto, qualquer data para que ocorra esta intervenção, que poderia ser feita com a colocação de plataformas provisórias, como aconteceu em Areia-Darque, em 2012, na sequência de obras sobre o Rio Lima.

O consumo energético é outro desafio: as automotoras conseguem devolver à rede 33% da eletricidade consumida ao longo da viagem na Linha do Minho; as locomotivas não têm essa possibilidade, por terem sido fabricadas há mais de 50 anos.

Por outro lado, a Linha do Algarve vai ser ainda mais eficiente, com a troca das automotoras da série 450 pelas Lili Caneças, assim conhecidas na gíria ferroviária por terem sido recuperadas e modernizadas entre 2003 e 2005, mas manterem a carroçaria original, das décadas de 1970 e 1980.

A troca de material circulante apenas é possível porque, em 2020, a transportadora começou a recuperar as automotoras da série 2600 que estavam encostadas no Entroncamento e porque comprou à congénere espanhola Renfe 50 carruagens que estavam paradas, por 1,5 milhões de euros.

Como ainda falta mais de um ano para virem os primeiros dos 22 novos comboios regionais, a CP corria o risco de não ter material circulante suficiente para a eletrificação de linhas como o Minho e o Algarve. Até agora, já foram recuperadas 20 carruagens compradas a Espanha e mais de uma dezenas de locomotivas.

Fonte: Diário de Notícias / Portugal

Crédito da imagem: Rui  Manuel Fonseca / Global Imagens